Paisagem escondida por 14 milhões de anos é encontrada sob o gelo da Antártida
Augusto Dala Costa
Paisagem escondida por 14 milhões de anos é encontrada sob o gelo da Antártida

Investigações via satélite e radar revelaram um ambiente antártico escondido sob a Plataforma de Gelo do Leste Antártico (PGLA), onde ficou por pelo menos 14 milhões de anos. A paisagem primitiva mostra que as camadas mais subterrâneas da Antártida permaneceram imutáveis por diversas eras geológicas, cenário que pode, no entanto, mudar devido ao aumento desenfreado nas temperaturas globais .

Os dados de satélite serviram para os pesquisadores identificarem ondulações na superfície da plataforma de gelo que caracterizam o terreno abaixo. Técnicas de eco com ondas de rádio, então, fizeram um imageamento da paisagem sob o gelo, cobrindo uma área de 32 km². Segundo contou o autor principal do estudo, Stewart Jamieson, em comunicado à imprensa, o terreno abaixo da PGLA é menos conhecido do que a superfície de Marte.

À ciência, isso é problemático, já que a paisagem do continente controla a maneira com que o gelo antártico flui, definindo a resposta passada, presente e futura da superfície congelada às mudanças climáticas.

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Como é a paisagem antártica sob o gelo?

A pesquisa revelou três rios esculpidos nos blocos de terreno mais alto na nova camada antártica , separados por vales profundos em forma de “U”. É provável que as vias fluviais que formaram a paisagem fluíram durante e após a separação do supercontinente da Gondwana, antes do surgimento dos primeiros glaciares e sua ajuda na erosão dos vales a uma profundidade de cerca de 800 metros.

Como a região foi criada antes do gelo, concluiu-se que não houve grandes mudanças por muito tempo. Mais especificamente, os cientistas estimam que a paisagem ficou “presa” no gelo por pelo menos 14 milhões de anos. Durante o período, as temperaturas mais quentes ocorreram há cerca de três milhões de anos, em meados da idade Placenciana, embora os modelos mais confiáveis da plataforma de gelo sugiram que a PGLA não tenha retrocedido até a camada onde o antigo ambiente fluvial fica.

É possível que o cenário tenha se formado há até mesmo 34 milhões de anos, quando a PGLA apareceu pela primeira vez, durante a transição entre o Eoceno e o Oligoceno, ou seja, de um período quente para um glacial. Não se sabe se a plataforma de gelo retrocedeu o suficiente na época para expor e alterar os três vales fluviais, que ficam a cerca de 350 km da beirada da PGLA.

Segundo os autores, estamos a caminho de chegar às condições atmosféricas semelhantes às que prevaleceram entre 34 milhões e 14 milhões de anos atrás, o que pode acontecer entre os dias de hoje e 2100 caso continuemos a queimar combustíveis fósseis indiscriminadamente. Caso isso não seja parado, a longa estabilidade da PGLA poderá ser uma coisa do passado.

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