No mundo da ciência, alguns pesquisadores são tão conhecedores de suas áreas que acabam prevendo descobertas muito distantes de seu tempo, como Albert Einstein e suas considerações sobre buracos negros e gravidade . Outro caso emblemático, tema de pesquisas recentes, é Charles Darwin — décadas depois de prever uma mariposa de língua particularmente grande, o inseto de fato foi descoberto, o que também obedeceu à previsão de outro naturalista sobre a característica, Alfred Russel Wallace.
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Tudo começou quando Darwin recebeu uma orquídea de Madagascar pelo correio, em 1862. A planta possui um tubo de néctar — nectário — incrivelmente longo, com 30 centímetros de comprimento. Descrevendo a característica como “impressionante”, o naturalista britânico comentou com um amigo: “Bons Céus, que animal poliniza essa planta?”.
Em outra correspondência para o mesmo colega, a previsão ficou mais explícita: “Que probóscide [tromba] a mariposa que o sugaria precisaria ter!”. O pesquisador ficou tão empolgado com a possibilidade que chegou a comentar, em obras escritas, que Madagascar deveria ter mariposas com probóscides de até 10'' e 11'' (25,4 e 27,9 centímetros).
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Mariposa prevista em dupla
Cinco anos mais tarde, em 1867, outro naturalista descreveu a mesma espécie de orquídea cientificamente, e fez comentários parecidos. Segundo ele, algumas das maiores espécies de Sphingidae (mariposas-falcão ou mariposas-esfinge) possuíam probóscides quase tão longos quanto a flor em questão, que recebeu o nome de Angraecum sesquipedale , popularmente conhecida como orquídea-de-Darwin.
Ambas as previsões estavam corretas, já que uma espécie de inseto com essas características foi encontrada em Madagascar, terra natal da planta estudada. O encontro e descrição da mariposa em questão só aconteceu décadas depois, em 1903, considerada uma subespécie da mariposa-esfinge-de-Morgan ( Xanthopan morganii ). Por conta disso, seu nome acabou sendo Xanthopan morganii praedicta . A essa altura, Darwin já havia falecido há 21 anos.
Apesar disso, foi só em 1992 que a polinização que Darwin e Wallace previram pôde ser vista e fotografada por cientistas, com a X. m. praedicta , ou mariposa-esfinge-de-Wallace, se alimentando do pólen da orquídea-de-Darwin e levando resquícios para outra planta. Em 2004, uma filmagem do ato foi realizada, e o comportamento foi estudado mais a fundo em cativeiro nos anos seguintes.
Em pesquisas mais recentes, entomólogos determinaram que a mariposa possui a maior língua de inseto da natureza , como reconhecido pelo Guinness, o livro dos recordes, em 2021. No mesmo ano, um estudo taxonômico achou por bem descrever o bicho como uma espécie própria, mudando seu nome para Xanthopan praedicta .
Ao site Live Science , David Lee, curador de mariposas do Museu de História Natural de Londres, comentou que, em 2019, ficou extremamente animado quando viu uma mariposa-esfinge-de-Wallace chegar à sua sacada de pesquisa em Madagascar, tendo a oportunidade de desenrolar o probóscide do inseto. Ele foi co-autor do estudo de 2021, e determinou que a língua da mariposa tinha 28,5 cm de comprimento, a maior já vista no mundo.
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