Cientistas encontram evidência de uso de chinelos há pelo menos 75.000 anos
Augusto Dala Costa
Cientistas encontram evidência de uso de chinelos há pelo menos 75.000 anos

Por essa descoberta arqueológica ninguém esperava: novas evidências mostram que os seres humanos já usavam chinelos desde o Paleolítico Médio (de 75.000 a 150.000 anos atrás), demonstrando, além da proteção nos pés, capacidades cognitivas e práticas complexas muito antes do que a ciência pensava.

Na Europa, os calçados mais antigos já encontrados datam de 6.000 anos atrás, e, na África do Sul, se considera que os humanos não usavam proteção nos pés antes de dois milênios atrás. Mudando essa crença de figura, fósseis de três paleosuperfícies (superfícies muito, muito antigas) encontrados na Costa do Cabo, na África do Sul, mostram marcas de calçados primitivos em caminhadas na praia.

Antes, acreditava-se que nossos ancestrais andavam simplesmente de pés descalços, protegendo-se de irregularidades no terreno com a durabilidade da sola calosa pelo uso. Na Costa Sul do Cabo, no entanto, havia pedras muito pontiagudas na época pré-histórica, então faz sentido que os humanos antigos precisassem proteger seus pés. Possíveis feridas nesta parte do corpo poderiam ser fatais naquele tempo, segundo os cientistas.

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Icnologia e os chinelos primitivos

A icnologia é o estudo dos icnofósseis , ou seja, qualquer marca deixada por atividades biológicas de qualquer espécie — de paleotocas a coprólitos e urólitos, marcas fossilizadas de secreções urinárias. Não há fósseis dos calçados antigos, já que materiais feitos de plantas ou de couro já teriam se biodegradado há muito tempo. O que se busca, nesse caso, são pegadas de qualquer tipo de proteção aos pés.

Em todo o mundo, evidências de marcas de calçado são poucas. Apenas quatro sítios arqueológicos mais antigos do que 30.000 anos já foram registrados trazendo pegadas fossilizadas assim, incluindo um sítio neandertal . Quando encontram um local com pegadas, os icnólogos conseguem revelar segredos do comportamento, movimento e interações de populações humanas antigas.

Os pesquisadores acreditam que as marcas deixadas na Costa do Cabo são especificamente de chinelos, algo que tem suporte no encontro arqueológico recente de sandálias usadas pelo povo saan, ou bosquímanos, etnias de caçadores-coletores do sul da África. Era importante que seus pés fossem protegidos por conta das condições ambientais da região.

Como parte da pesquisa, os cientistas fabricaram chinelos com materiais disponíveis no Paleolítico, andando pelo mesmo caminho nas praias onde nossos ancestrais passearam. Foram testadas diversas condições, como areia molhada e seca, para ver como seriam as pegadas deixadas em cada uma. Comparando os registros com análise computacional, as correlações mostradas foram “incríveis”, como descrito pela equipe responsável.

Com isso, foram identificados pelo menos três sítios arqueológicos com evidências de pegadas com calçados. Isso também coloca a África do Sul no mapa como um centro de desenvolvimento cognitivo e de habilidades práticas por longos períodos de tempo durante a nossa evolução.

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