A CEO da Mozilla Foundation, Mitchell Baker, reconheceu que o experimento de usar o Yahoo como mecanismo de busca padrão em seu navegador entre 2014 e 2017 foi um fracasso e piorou a experiência do público com o Firefox . Segundo a executiva, o período registrou um declínio no número de usuários e motivou um novo com o Google nos anos seguintes.
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Segundo o Bloomberg, a declaração de Baker foi apresentada em vídeo, na última semana, como parte da defesa do Google no julgamento do processo que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos move contra a Big Tech por práticas anticompetitivas no mercado de tecnologia.
Fase Yahoo do Firefox
A Mozilla decidiu mudar o mecanismo de busca no Firefox em 2014, após Marissa Mayer assumir o Yahoo e apresentar uma proposta com um pagamento superior ao acordo com o Google.
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Pela visibilidade no navegador, o Yahoo ofereceu uma quantia de US$ 375 milhões em compartilhamento de receita anual — um valor US$ 100 milhões acima do acordo que a Mozilla tinha com o Google —, além de prometer menos anúncios e menor rastreamento de dados das pessoas.
No entanto, Baker contou, em seu depoimento no tribunal, que essas promessas não se concretizaram e que a experiência de busca com o Yahoo piorou ao longo do tempo. A executiva relatou a sua frustração pessoal de usar essa pesquisa e precisar recorrer ao Google para encontrar informações mais precisas.
Trechos do depoimento de Baker foram relatados por testemunhas do julgamento na rede social X e revelam ainda o descontentamento da Mozilla com os números de receita do Firefox no período do acordo com o Yahoo.
Baker struggled herself conducting searches with Yahoo in Firefox, stating she wouldn't find the answers she was looking for and would "switch to G and find what I wanted. That happened so many times, even I gave up. I couldn’t even use the experience shipped out as the default.”
— Vidushi Dyall (@vidushi_law) November 1, 2023
A organização sem fins lucrativos conseguiu encerrar o contrato de cinco anos com o Yahoo antes do previsto devido à compra dessa empresa pelo grupo Verizon em 2017 — o que anulou o antigo acordo. No mesmo ano, o Firefox voltou a usar a busca Google como padrão. Em 2020, a dona do navegador da raposa renovou o contrato com a Big Tech de Mountain View.
Declaração da Mozilla ajuda o Google
Em relação a essa história da companhia, Mitchell Baker declarou que “o número de pessoas que permaneceram no Firefox diminuiu visivelmente durante os anos em que o Yahoo era o padrão”.
A CEO não afirma que a queda foi decorrente da mudança do mecanismo de busca, mas reconhece a coincidência. De acordo com a executiva, “nossos usuários deixaram claro que procuram, desejam e esperam o Google”.
Ao comentar sobre a preferência do público, a fala de Baker ajuda o Google no julgamento do processo em que a empresa liderada por Sundar Pichai é acusada de monopólio e abuso de poder para manter a posição dominante no mercado.
Nas últimas semanas, a Big Tech está no banco dos réus para explicar os acordos com pagamentos milionários para navegadores e fabricantes de aparelhos adotarem o seu mecanismo de busca como padrão — prática que pode ser vista como um mecanismo para impedir o crescimento de soluções concorrentes.
No tribunal, o Google se defende que conquistou essa posição pela excelência de seus serviços e argumenta que as pessoas têm opção de trocar o padrão nos aparelhos e aplicativos, mas usam a sua ferramenta por preferência. O caso EUA vs Google segue em julgamento no mês de novembro.
Ganhos da Mozilla com o Google
O contrato vigente da Mozilla com o Google não teve valores revelados durante o julgamento, mas Baker admitiu que está na casa das “centenas de milhões de dólares”. Além disso, a CEO afirmou que seu salário está parcialmente ligado aos lucros da Mozilla, o que indica que o acordo com o Google também pode beneficiar a renda da executiva.
Em uma análise sobre o depoimento de Baker, o CEO da Chamber of Progress — grupo que representa empresas de tecnologia em questões legais — e ex-funcionário do Google Adam Kovacevich disse em postagem no X que a Mozilla depende tanto de seu acordo com o Google para obter receita que “o maior perdedor de uma vitória do Departamento de Justiça no caso do Google seria a Mozilla”.
Leia a matéria no Canaltech .
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