James Webb desvenda como discos planetários distribuem água
Daniele Cavalcante
James Webb desvenda como discos planetários distribuem água

Com dados do telescópio James Webb , os cientistas comprovaram que os discos protoplanetários podem não ser tão estáticos quanto se pensava. Além de suas diferentes zonas poderem interagir umas com as outras, esse comportamento varia de acordo com o tamanho do disco.

Os autores do novo estudo observaram quatro discos protoplanetários (poeira que sobra após a formação de uma estrela, formando planetas). Dois eram compactos e, os outros, estendidos, e estavam presentes em torno de estrelas semelhantes ao Sol. Elas são estrelas jovens , com apenas 2 a 3 milhões de anos, e são orbitadas por planetas ainda em formação.

Compreender os discos protoplanetários é fundamental para entender a distribuição de elementos no sistema estelar, incluindo o nosso próprio Sistema Solar. Em especial, a distribuição de água , encontrada em abundância nas rochas cobertas de gelo na parte externa dos discos.

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A teoria é que esses objetos congelados são grandes responsáveis por trazer a água para a parte interna do disco, onde os planetas rochosos se formam. Por outro lado, essa dinâmica parece ocorrer com mais facilidade em discos protoplanetários menores e mais compactos. Por isso, a equipe do novo estudo decidiu observar as quatro estrelas com o espectrômetro MRS, sensível ao vapor de água nesses objetos.

Eles descobriram que os dois discos compactos conseguem transferir melhor o material da parte mais externa para a mais interna, ou seja, os objetos congelados migram mais facilmente para mais perto da estrela, ajudando os planetas rochosos internos a receber suas porções de água. Isso ocorre a uma distância equivalente à órbita de Netuno.

Já os discos maiores e menos compactos tiveram suas rochas de gelo retidas em vários anéis de matéria, encontrados a distâncias equivalentes a até seis vezes a órbita de Neptuno. A explicação para isso é que planetas gigantes em desenvolvimento exercem pressão, o que evita a migração do material gelado para os anéis mais internos.

Água no Sistema Solar

O estudo propõe que, quando os planetas grandes criam esses anéis por meio da pressão, as rochas tendem a se acumular. Talvez algo semelhante tenha acontecido no Sistema Solar , com Júpiter inibindo as rochas de gelo e atrapalhando o fornecimento de água aos planetas rochosos interiores, que acabaram ficando relativamente pobres em água.

Colette Salyk, do Vassar College em Poughkeepsie, uma das autoras da pesquisa, explica que “no passado, tínhamos esta imagem muito estática da formação planetária, quase como se houvesse zonas isoladas a partir das quais os planetas se formavam. Agora temos provas de que estas zonas podem interagir umas com as outras. É também algo que se propõe ter acontecido no nosso Sistema Solar”.

A pesquisa foi publicada no The Astrophysical Phisics Letters .

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