Crítica DNA do Crime | Série policial da Netflix merece ser maratonada em um dia
Diandra Guedes
Crítica DNA do Crime | Série policial da Netflix merece ser maratonada em um dia

Depois do público acompanhar boas séries policiais como Irmandade , Arcanjo Renegado e DOM , chegou a hora de maratonar uma nova produção nacional nos streamings — DNA do Crime . Mesmo com oito longos capítulos — alguns chegam a ter mais de uma hora de duração — a produção consegue prender a atenção do espectador sem cansar. Isso porque o ritmo é tão ágil e agradável que é impossível tirar os olhos da TV antes do fim do último episódio.

Tal feito é mérito do diretor Heitor Dhalia ( Arcanjo Renegado ), que conseguiu transformar a história verídica de um mega roubo na fronteira entre Brasil e Paraguai em uma das melhores séries nacionais da Netflix. A trama acompanha o assalto à Prosegur, uma empresa de segurança responsável pelo transporte de dinheiro para bancos, que aconteceu em 2017 na divisa entre os dois países. Na época, o crime foi creditado ao PCC, facção de São Paulo responsável por ações semelhantes.

Na série, no entanto, os roteiristas preferiram não usar o nome do grupo e chamaram apenas de A Organização, sendo que esta tinha como destaque Sem Alma, um bandido frio, calculista e religioso que ganhou vida com Thomás de Aquino, no que certamente foi a melhor atuação da sua carreira até o momento.

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Do outro lado, Maeve Jinkings e Rômulo Braga deram vida a Suellen e Benício, os policiais destacados para acompanhar o caso e prender os criminosos. Juntos, eles protagonizaram as melhores cenas de ação da série que, no clássico estilo polícia e ladrão, entregou não só boas sequências, como também um roteiro afiado que quase não deixou pontas soltas.

Além de explorar o crime principal e os relacionados, DNA do Crime ainda dedicou tempo para aprofundar os personagens principais, mostrando como o trabalho de Suellen atrapalhou seu casamento, o motivo de Benício transformar a captura de Sem Alma em algo pessoal e a razão pela qual o bandido se converteu e virou um irmão de fé.

Esse ponto, inclusive, é um dos principais acertos da trama, uma vez que ela não separa os personagens em simplesmente bons e maus, mas mostra como todo ser humano é plural. Se Sem Alma mata sem hesitar, também chora ao pensar no filho.

Além disso, vale falar que, ainda que a série tenha excelentes cenas de ação — daquelas que até quem não curte o gênero ficará boquiaberto —, o grande acerto é a forma como as relações interpessoais são construídas. A parceria de Suellen e Benício resulta na sintonia perfeita que a trama precisava.

Dessa vez, o mérito fica para os atores que não fizeram feio em cena em nenhum momento sequer. Maeve, que já tinha brilhado como Milla em Os Outros , construiu uma policial destemida, mas sem cair no clichê daquela durona que tem que se impor entre os homens. Já Aquino, que também atuou na série da Globoplay, dá vida a um bandido cruel que tenta largar a vida do crime, mas sempre é puxado de volta.

Com os cabelos raspados e sem esboçar um sorriso, seu personagem é cínico e implacável, incapaz de despertar empatia ao mesmo tempo que causa um fascínio em quem o acompanha. Já Rômulo Braga ( Rota 66: A Polícia que Mata ) vive um policial amargurado que perdeu o carinho do filho depois de se ausentar de todos os compromissos familiares para viver em prol da Polícia Federal. Ele é ressentido, tímido e amargo e sua tensão constante é demonstrada por meio das expressões faciais de Rômulo, que está sempre com o maxilar travado. Ótimo trabalho corporal!

Por fim, o resto do elenco ainda traz Pedro Caetano como o ótimo delegado, Diogo Brito, Miguel Nader e Marcelo di Marcio.

DNA do Crime é um CSI com tempero brasileiro

Fazendo jus ao nome, a série também dedica um tempo para mostrar como as análises de DNA dos materiais genéticos dos bandidos envolvidos no caso da Prosegur foram fundamentais para desvendar vários outros crimes relacionados e até mesmo para prendê-los. Essa mistura de investigação somada às boas cenas de tiro resultam em um belo CSI brazuca que não perde para nenhuma produção gringa.

Mas como nem tudo é perfeito, a obra da Netflix também peca. O principal erro resulta no fato da série ter muitos (muitos mesmo!) personagens e por vezes ficar confusa. É tanto bandido que, se o espectador não prestar muita atenção, certamente perderá algum detalhe. E aqui, todos os detalhes importam, já que a trama não é contada de forma totalmente linear.

No lado dos policiais também há falhas, e a principal se dá em não explicar ao público qual a relação de hierarquia entre os dois delegados apresentados. Ainda assim, pode-se dizer que, apesar de não inventar a roda, DNA do Crime não deixa de fazer com excelência aquilo que já é esperado de uma série de ação policial. Quem quiser conferi-la, já pode maratoná-la na Netflix.

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