Crítica Uma Dose Diária de Sol | Lidando com saúde mental com leveza
André Mello
Crítica Uma Dose Diária de Sol | Lidando com saúde mental com leveza

É muito comum encontrar, na Netflix , séries vindas da Coreia do Sul que trafegam entre o romance, comédia e histórias de crimes. Uma Dose Diária de Sol é uma trama que se destaca por abordar um tema pouco tocado em doramas , tratando sobre saúde mental de maneira informativa, leve e delicada, se dedicando a construir seus personagens de maneira que tenta tirar o estigma que transtornos mentais trazem às pessoas.

Em doze episódios, a série tenta explorar as histórias dos pacientes da ala psiquiátrica pelos olhos de uma nova enfermeira, que busca trazer um pouco de alegria e paz dos internos. E, com muita leveza, acerta em cheio ao fugir do drama pesado para apostar na empatia.

Uma nova enfermeira com um novo olhar

Uma Dose Diária de Sol gira em torno de Jung Da-eun, interpretada por Park Bo-young ( Mulher Forte, Do Bong-soon ), uma enfermeira que se transfere do departamento de medicina clínica para a ala psiquiátrica, tentando ajudar da maneira que pode. Após sofrer alguns desafios nos seus primeiros dias, Da-eun, com a ajuda do time de enfermeiras, acaba encontrando o seu lugar na equipe, tendo um jeito mais próximo de trabalhar com os pacientes.

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O trabalho de Bo-young é muito bom ao longo da série, mostrando nuances em sua personagem, que é sempre muito bondosa, deixando claro que ela mesmo passa por dificuldades para lidar com seus problemas. Isso faz com que a personagem não seja uma salvadora imaculada, sendo apenas uma pessoa que quer o bem daqueles que se encontram internados.

A personagem se esforça para, aos trancos e barrancos, entender como funcionam os transtornos e como lidar com seus pacientes. Vinda dessa equipe de trauma, Da-eun tenta, com bastante paciência, compreender formas de tratamento diferentes, assim como acontece com aqueles que entram no hospital com problemas físicos.

O resto da equipe também chama atenção pela sua atuação, em especial Lee Jung-eun ( Parasita ), que interpreta a líder das enfermeiras e que ensina a Da-eun sobre os desafios de lidar com transtornos mentais.

Tratando o assunto de forma didática

Um ponto alto de Uma Dose Diária de Sol é a forma como os diferentes transtornos psicológicos são abordados. Em vez de tratar os personagens de maneira até caricata, tentando explorar os sintomas e problemas que os diversos transtornos trazem, a série mostra tudo de uma forma quase educacional, com legendas em coreano dando detalhes adicionais quando eles são comentados nos episódios.

Apesar de existirem produções ocidentais que tratam com respeito desse tema, uma série vinda da Coreia do Sul, um local onde saúde mental ainda é considerado tabu para muitas pessoas, é de extrema importância. Mesmo se passando no país asiático, o tema é global e consegue atingir em cheio os espectadores de todo o mundo, de maneira delicada e construindo personagens tridimensionais, que permitem ao público entender melhor pelo que eles estão passando.

Leveza e esperança

Em alguns momentos, Uma Dose Diária de Sol quase derrapa e cai no lugar comum desse tipo de série, com histórias de superação que são tão água com açúcar que não trazem nenhum tipo de emoção real ao espectador. Felizmente, a série parece entender isso e constrói os episódios mostrando situações difíceis, porém, tratadas com leveza e, o melhor, esperança.

A personalidade da protagonista, que busca mostrar otimismo e um jeito humano de tratar os pacientes, faz com que as histórias encontrem um equilíbrio entre a seriedade e a citada leveza.

Um jeito de fazer isso é entregando algumas cenas mais cômicas, que exploram melhor os personagens coadjuvantes. Outra forma de trazer esse equilíbrio é apresentar esses transtornos com cenas que misturam fantasia e realidade. Personagens atravessam um universo em que seus males são vistos de outra forma, criando uma forma diferente de entender pelo que eles passam.

Uma série diferente, mas familiar

Uma Dose Diária de Sol traz vários dos elementos de outros seriados médicos, mas em vez de focar em problemas, desafios mirabolantes ou momentos de pura tensão, tenta apresentar uma forma mais esperançosa no tratamento de saúde mental.

Até mesmos os cenários do hospital, sempre muito bem iluminados e almos, tiram aquela sensação pesada que produções desse tipo costumam ter. No fim das contas, Uma Dose Diária de Sol apresenta um jeito diferente de abordar esses temas, de maneira didática e que ainda conseguem envolver o espectador.

Por se tratar de um tema sério, existem gatilhos para algumas pessoas que vão identificar pontos em comum com personagens, mas a maneira respeitosa e sensível como as coisas são tratadas ajudam na maneira como tudo pode ser interpretado. No fim, mostra o quanto a empatia é fundamental nesses casos.

Com doze episódios, além de tratar sobre casos de pacientes, os espectadores também acompanham uma trama principal, envolvendo a vida de Da-eun e os motivos que a levaram até a equipe da ala psiquiátrica do hospital, algo que certamente levará o público até o último minuto da série.

Uma Dose Diária de Sol está disponível na Netflix.

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