Um estudo publicado na revista Current Biology na última segunda-feira (20) destacou uma informação inusitada sobre os morcegos da espécie Eptesicus serotinus : um pênis tão avantajado que é fisicamente impossível para conseguir a penetração. Trata-se da primeira vez que sexo sem penetração foi documentado em um mamífero.
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Tanto o tamanho quanto a forma dos pênis tornariam impossível a penetração pós-ereção, e os pesquisadores mostram que, em vez de funcionar como um órgão penetrante, os morcegos usam seus pênis para empurrar a bainha da cauda da fêmea para fora do caminho, assim podem se envolver em acasalamento por contato, um comportamento que os pesquisadores descrevem como semelhante ao “beijo cloacal” nos pássaros.
Ao todo, a equipe analisou 97 eventos de acasalamento. Os pesquisadores não observaram penetração em nenhum momento durante os eventos de acasalamento registrados. Durante o acasalamento, os morcegos machos agarraram suas parceiras pela nuca e moveram suas pélvis a té fazerem contato com a vulva da fêmea, momento em que permaneceram imóveis e seguraram as fêmeas em um longo abraço.
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Em média, as interações duraram menos de 53 minutos, mas o evento mais longo estendeu-se para 12,7 horas. Após a cópula, os investigadores observaram que o abdômen das fêmeas parecia molhado, sugerindo a presença de sémen, mas são necessárias mais pesquisas para confirmar.
O pênis desproporcional dos morcegos
Os pesquisadores mediram os pênis eretos de morcegos Eptesicus serotinus vivos que foram capturados como parte de outros estudos de pesquisa e realizaram necropsias em morcegos que morreram. O estudo permitiu concluir que, quando eretos, os pênis dos morcegos são cerca de sete vezes mais longos e sete vezes mais largos que as vaginas das fêmeas.
O grupo ainda revelou que os morcegos também têm colos excepcionalmente longos, o que poderia ajudar as fêmeas a selecionar e armazenar esperma.
Os pesquisadores especulam que estes morcegos podem ter desenvolvido pênis desse tamanho justamente para afastar as membranas da cauda das fêmeas, e que as fêmeas podem usar para evitar o acasalamento.
“Os morcegos usam as membranas da cauda para voar e capturar os insetos, e as fêmeas também as usam para cobrir as partes inferiores e se proteger dos machos, mas os machos podem então usar esses pênis grandes para superar a membrana da cauda e alcançar a vulva", refletem os cientistas.
Mesmo sendo os primeiros mamíferos a reproduzir sem penetração, os morcegos não são os únicos a protagonizar um acasalamento fora do convencional. Nas girafas, por exemplo, o macho estimula a fêmea a ter vontade de urinar, e quando isso acontece, ele simplesmente ingere a urina para saber se ela está no cio. É apenas um dos rituais de acasalamento mais bizarros do mundo animal .
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