O cérebro não consegue se reconfigurar, mas melhora as capacidades existentes
Nathan Vieira
O cérebro não consegue se reconfigurar, mas melhora as capacidades existentes

O cérebro não tem a capacidade de se reconfigurar para compensar a perda de visão, uma amputação ou um acidente vascular cerebral (AVC). Embora possa se adaptar às mudanças, o órgão mais misterioso do corpo humano não cria funções inteiramente novas em áreas não relacionadas. É o que diz um estudo publicado na revista científica eLife na última terça-feira (21).

Os pesquisadores analisaram dez estudos dedicados a mostrar a capacidade de reorganização do cérebro e agora argumentam que, embora os trabalhos demonstrem realmente a capacidade do órgão para se adaptar às mudanças, o órgão não criar novas funções, mas sim utiliza aptidões que já estão presentes desde o nascimento.

Na ocasião, os autores não encontraram nenhuma evidência convincente de que o córtex visual de indivíduos que nasceram cegos ou o córtex ileso de sobreviventes de um acidente vascular cerebral tenham desenvolvido uma nova capacidade funcional que de outra forma não existiria.

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Os cientistas envolvidos não descartam as histórias de pessoas cegas que conseguem navegar puramente com base na audição, ou de indivíduos que sofreram um derrame e recuperaram suas funções motoras, mas afirmam que em vez de reaproveitar completamente as regiões para novas tarefas, o cérebro modifica a sua arquitetura pré-existente.

Neuroplasticidade

Você já ouviu da neuroplasticidade ? É justamente a capacidade do sistema nervoso de se adaptar e reorganizar ao longo do tempo em resposta a experiências e mudanças no ambiente.

No estudo em questão, os autores reiteram que compreender a verdadeira natureza e os limites da neuroplasticidade é crucial, tanto para estabelecer expectativas realistas para os pacientes como para orientar os profissionais clínicos nas suas abordagens de reabilitação.

"A ideia de desbloquear rapidamente potenciais cerebrais ocultos ou explorar vastas reservas não utilizadas é mais uma ilusão do que realidade. Reconhecer isto ajuda a apreciar o trabalho árduo por detrás de cada história de recuperação e a adaptar as nossas estratégias em conformidade", argumenta a equipe.

O que sabemos sobre o cérebro?

Ao longo dos anos, os estudos científicos permitiram chegar a diversas descobertas importantes sobre o cérebro. Sabemos, por exemplo, que o cérebro rotaciona as memórias para não serem substituídas por novas informações.

Em 2022, durante um estudo publicado na revista Cell Reports , cientistas buscaram decifrar como o órgão funciona rápido o suficiente para controlar determinados movimentos e descobriram que o cérebro usa cálculo para controlar movimentos rápidos .

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