Bolha de água quente no oceano Pacífico explica El Niño atípico
Fidel Forato
Bolha de água quente no oceano Pacífico explica El Niño atípico

Cientistas norte-americanos apontam para a descoberta de uma bolha de água quente no Oceano Pacífico, capaz de afetar o comportamento do El Niño de forma inesperada. É como se uma parte das águas virasse uma piscina aquecida, que afeta a ocorrência das chuvas e tempestades na região.

Esta bolha de água quente está perto da Linha Internacional de Data — uma linha imaginária que atravessa o Oceano Pacífico e é usada para padronizar a contagem do tempo. É o que afirma Paul Roundy, professor de ciências atmosféricas na University at Albany, para o jornal The Washington Post .

Resposta do El Niño

Embora as temperaturas do oceano sugiram a ocorrência de um El Niño bastante forte, a resposta atmosférica no Pacífico Central e Oriental não se parece em nada com outros anos marcados por um intenso El Niño, explica Todd Crawford, meteorologista da empresa Atmospheric G2, nas redes sociais.

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Para justificar esse comportamento anormal, Crawford apresenta dados sobre a resposta atmosférica no mês de outubro durante os anos de 1982, 1997, 2015 e 2023 — todos marcados por um El Niño intenso. Esses mapas foram gerados pelos Centro Nacional de Previsão Ambiental (NCEP) e pelo Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica (NCAR), ambos dos EUA.

Neste ano, a situação parece bem menos concentrada, quando se analisa a velocidade potencial dos ventos. “Você não precisa compreender completamente qual é o potencial de velocidade para ver que o fenômeno em 2023 tem um sinal muito mais fraco e difuso no Oceano Pacífico Tropical Central e Oriental do que em outras vezes”, pontua Crawford.

“Os fenômenos anteriores foram caracterizados por um forte movimento ascendente (azuis/roxos) a leste da Linha Internacional de Data, enquanto o fenômeno atual é caracterizado por um movimento ascendente mais fraco próximo a esta linha”, complementa.

Possíveis explicações

Entre as possíveis explicações, está o fato de que a bolha de água quente favorece a formação de precipitações e tempestades no oceano, impedindo a dispersão do ar mais quente típico do El Niño. As mudanças climáticas também podem ter algum papel nessa equação . No entanto, é preciso acompanhar melhor os desdobramentos da situação.

Apesar do comportamento diferente, o último boletim da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA) reforçou que há 62% de chances do El Niño se prolongar até os meses de abril e junho de 2024, com o pico estimado entre novembro e janeiro.

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