Enguias podem transferir DNA para outros animais pelo choque
Nathan Vieira
Enguias podem transferir DNA para outros animais pelo choque

As enguias são capazes de liberar até 860 volts, e um estudo desenvolvido pela Universidade de Nagoya (Japão) e publicado na revista científica PeerJ – Life and Environment revelou que esses choques podem desencadear mudanças genéticas em outros animais — no caso do experimento, mais especificamente larvas de peixe-zebra.

Os pesquisadores partiram da teoria de que, se a eletricidade fluisse num rio, poderia afetar as células dos organismos próximos. As células podem incorporar fragmentos de DNA na água, conhecidos como DNA ambiental.

Para colocar esse pensamento em prática, os autores do estudo expuseram os peixes a uma solução que brilhava na luz se o DNA fosse capturado. Então, eles introduziram uma enguia no local onde estavam os peixes-zebra e a fizeram descarregar eletricidade.

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A análise das larvas do peixe-zebra ao microscópio revelou que 5% delas apresentavam fluorescência verde, sugerindo que a solução de DNA na água havia sido absorvida pelos peixes. Os investigadores atribuíram isto à eletricidade produzida pelas enguias e acreditam que demonstra que elas podem afetar a genética de organismos próximos.

"A descarga elétrica da enguia promoveu a transferência de genes para as células. Enguias e outros organismos que geram eletricidade podem gerar modificação genética na natureza”, concluem os pesquisadores.

Os pesquisadores também mostraram esperança de que este é apenas o começo da pesquisa com campos elétricos em organismos vivos. “Acreditamos que as tentativas de descobrir novos fenômenos biológicos com base em ideias tão inesperadas e fora da caixa irão esclarecer o mundo sobre as complexidades dos organismos vivos e desencadear avanços no futuro”, reiteram os autores.

DNA ambiental

Em estudos anteriores, cientistas da University of Copenhagen (Dinamarca), Queen Mary University (Reino Unido) e York University (Canadá) conseguiram capturar DNA ambiental em amostras de ar de zoológicos, o que permitiu identificar as espécies que vivem lá. Até então, utilizava-se apenas amostras do solo ou da água para obter essas informações.

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