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Diante da emergência das mudanças climáticas e da crise social na Amazônia, cientistas do Painel Científico para a Amazônia (SPA) compartilham estratégias para evitar que a maior floresta tropical do mundo chegue ao ponto de não retorno. Previsto para sábado (9), o lançamento de uma série de documentos com estas orientações ocorre na 28ª Conferência das Partes realizada pela Organização das Nações Unidas (COP28), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
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Aqui, vale explicar que o ponto de não retorno para uma floresta é o momento em que as mudanças, provocadas pelo desmatamento, por exemplo, se tornam irreversíveis. Em outras palavras, quando não é mais possível recuperá-la ao estado anterior. Considerando os indicadores da Amazônia, este risco está cada vez maior .
Buscando sensibilizar os tomadores de decisão na área das políticas públicas, os membros do SPA indicam quais medidas emergenciais devem ser adotadas na Amazônia para que o bioma continue a existir na forma como é hoje, o que inclui frear as emissões de carbono e combater as ilegalidades. Também é preciso impedir mudanças no uso do solo, provocadas pelo desmatamento, o que reduz a resiliência dessas regiões.
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Dentro desse processo de proteção da Amazônia, é fundamental que “a infraestrutura deva ser planejada e implementada por e pelos amazônidas [população natural e/ou que habita a região]”, afirma Ana Carolina Fiorini, pesquisadora vinculada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e uma das autoras dos documentos, para a Agência Bori .
Medidas urgentes na Amazônia
Quando se analisa a questão da Amazônia, é preciso pensar em um conjunto de ações. Entre as mais urgentes, estão: frear as emissões de gás carbônico provenientes das queimadas, investir em programa de armazenamento de carbono e priorizar as soluções locais e sustentáveis nos projetos de desenvolvimento regional.
Considerando as áreas já desmatadas dentro da floresta tropical, é fundamental pensar em como promover a regeneração natural e o reflorestamento em grande escala. Isso ajudará a impedir a chegada de ponto de não retorno na recuperação do bioma.
Em paralelo, é necessário coibir ilegalidades, o que inclui a apropriação indevida de terras públicas florestadas. No oposto desta mesma questão, é importante estimular a recuperação das reservas de madeira. Apenas as comunidades locais devem poder realizar o manejo sustentável nessas áreas. Como um todo, os órgãos ambientais e as lideranças de povos e comunidades tradicionais da região devem ser fortalecidos.
Fontes de energia?
Na visão dos especialistas do SPA, as soluções energéticas devem ser baseadas em recursos renováveis, mas é preciso evitar grandes projetos como barragens, que geram conflitos socioambientais.
“Soluções energéticas para as comunidades que não têm acesso à eletricidade, por exemplo, devem ser descentralizadas”, orienta a cientista Fiorini. É possível viabilizar o uso da energia solar, através de projetos em pequena escala, nesses casos.
“A Amazônia já sente o efeito das mudanças climáticas, então toda infraestrutura deve ser pensada para ser resiliente a essas mudanças, além de ser adaptada para a variação sazonal da região”, acrescenta.
Questão dos transportes
No caso dos transportes, as mesmas questões devem ser ponderadas, sempre priorizando os modais com menor impacto ambiental e emissão de carbono. Nesse caso, são os barcos e os pequenos aviões elétricos.
É importante desestimular a dependência do transporte por rodovias. Isso porque a construção desse tipo de estrada exige muitos recursos, enquanto pode estimular o desmatamento e a degradação florestal.
Saneamento básico
Considerando a saúde das populações locais da Amazônia e a preservação da biota aquática — os seres vivos que habitam estes ambientes —, é preciso investir no saneamento básico.
Nesse processo de implementação, “características e necessidades específicas de cada comunidade devem ser levadas em consideração, e a população local deve ser empoderada para participar do desenvolvimento de novos projetos”, recomendam os pesquisadores, no documento.
Leia a matéria no Canaltech .
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