Estudo com gêmeos investiga se exercício físico prolonga a vida
Fidel Forato
Estudo com gêmeos investiga se exercício físico prolonga a vida

Existe um consenso de que pessoas que praticam exercícios físicos regularmente vivem mais e melhor. No entanto, um polêmico estudo finlandês — ainda não revisado por outros cientistas — sugere que colocar o corpo em movimento tem um efeito limitado em aumentar a expectativa de vida, após avaliar 22 mil irmãos gêmeos por 45 anos (1975-2020).

Em preprint publicado na plataforma MedRxiv , os pesquisadores da Universidade de Jyväskylä afirmam que "ser ativo pode refletir um fenótipo saudável [características saudáveis] em vez de reduzir causalmente a mortalidade". No entanto, existem alguns detalhes a serem considerados nesta descoberta.

Efeito dos exercícios físicos

“O comportamento humano e a biologia são complexos”, lembra o cientista George M. Savva, do Quadram Institute, no Reino Unido, em artigo para o site The Conversation . Savva não participou do estudo sobre os gêmeos e o impacto dos exercícios físicos.

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“A quantidade de exercício que uma pessoa pratica [ao longo da vida] pode estar ligada à sua genética, dieta, deficiências, educação, nível socioeconômico ou apenas ao fato dela ter tempo de lazer suficiente e um espaço verde seguro”, explica o pesquisador.

Para Savva, cada um desses fatores mencionados impacta diretamente a expectativa de vida de um indivíduo. Por isso, determinar a causalidade nunca vai ser tão simples quanto 1+1=2.

“Embora seja certamente verdade que as pessoas que se exercitam mais viverão, em média, mais tempo, é muito mais difícil saber quanto isso é causado pelo exercício em si, em comparação com estes outros fatores”, complementa.

Descobertas do estudo

Voltando para a pesquisa, a equipe finlandesa descobriu que os irmãos mais ativos e que praticavam atividades físicas regularmente tiveram uma taxa de mortalidade 24% menor em comparação com os menos ativos.

Só que, quando eram incluídas outras variáveis na equação, como tabagismo, consumo de álcool e Índice de Massa Corporal (IMC) , o benefício do exercício caía drasticamente. Foi identificada uma diferença de 9% na taxa de mortalidade entre o grupo menos ativo e os outros.

Basicamente, isso significa dizer que, se um gêmeo fizer muito exercício físico e o outro ser completamente sedentário, eles podem ter uma expectativa de vida muito próxima, desde que compartilhem outras variáveis, como o IMC, o consumo de álcool e o tabagismo.

“Não devemos descartar uma ligação direta entre exercício e longevidade, mas este estudo sugere que pode ter um papel menor do que se pensava anteriormente”, explica Savva. Afinal, as outras variáveis da boa saúde são tão importantes quanto.

Por outro lado, os exercícios físicos têm inúmeros benefícios já comprovados, como prevenção de diferentes doenças e melhora do humor. Além disso, essas atividades fortalecem os músculos, sendo que estes são essenciais em uma vida longeva com saúde. Mesmo que a pessoa não viva mais do que impõe a sua genética, ela terá mais qualidade.

Aqui, é preciso destacar que os achados do estudo finlandês ainda precisam ser revisados por outros pesquisadores e também devem ser posteriormente confirmados por outros estudos científicos.

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