Estudos sobre psilocibina mostram grande potencial contra depressão
Augusto Dala Costa
Estudos sobre psilocibina mostram grande potencial contra depressão

Uma revisão dos estudos envolvendo psilocibina, o composto ativo dos cogumelos alucinógenos mais conhecidos, mostra que a substância tem potencial para tratar depressão crônica e distúrbios depressivos em geral. Embora pacientes com tendências suicidas ainda precisem de mais estudos em relação à droga para confirmar seu efeito benéfico, a opção dura mais do que tratamentos convencionais e seu efeito é atingido mais rapidamente.

Tratamentos contra depressão e condições de saúde mental passaram por diversos avanços recentemente, mas muitos pacientes não respondem bem às opções convencionais — a depressão resistente a tratamento, que afeta mais de 30% dos pacientes com transtornos depressivos, pede por tratamentos diferenciados. A psilocibina é uma das novas e promissoras opções para essas pessoas.

Psilocibina e a depressão

Ocorrendo naturalmente em algumas espécies de cogumelo, a psilocibina e seu efeito psicodélico sofreram com má reputação graças a movimentos de contracultura, como os hippies, durante os anos 1970. Agora, no entanto, a ciência voltou sua atenção ao potencial da droga para o tratamento de depressão severa, transtornos de humor e obsessivos-compulsivos e até de abuso de tabaco e álcool.

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Segundo uma revisão de literatura com meta-análise, tática científica sistemática para avaliar diversos estudos semelhantes, foi analisado o potencial da psilocibina quando aliada à psicoterapia. O foco da equipe foi nos estudos com participantes diagnosticados com transtorno depressivo maior e sintomas associados a cânceres que ameaçam a vida. Isso resultou em 686 participantes de 13 ensaios clínicos diferentes.

Os pacientes recebendo psilocibina com terapia assistida demonstraram mais efeitos positivos nos sintomas depressivos do que os que não receberam, em todos os grupos e subgrupos. As taxas de remissão e de resposta — ou seja, número de pacientes com redução significativa dos sintomas depressivos — foram mais altas em quem recebeu a droga, sugerindo um efeito mais rápido em relação a medicamentos antidepressivos regulares. A psilocibina também demonstrou ter efeitos duradouros, se prolongando por meses.

Efeitos adversos da psilocibina

Houve alguns efeitos adversos, como dores de cabeça, náuseas, ansiedade, fadiga, palpitações, boca seca e pressão sanguínea alta de curta duração em alguns pacientes, com casos isolados de efeitos severos, como piora nos sintomas de depressão e ideação suicida, especialmente em pessoas com histórico do problema.

Os pesquisadores apontam, no entanto, que o uso de psilocibina está mais relacionado à redução das chances de comportamento suicida, recomendando que estudos futuros busquem resultados mais generalizados sobre esse tema.

Por fim, os cientistas lembram que é difícil encontrar um placebo para a psilocibina, já que seus efeitos psicológicos são óbvios, o que pode ter retirado o fator duplo-cego das pesquisas, mas ainda afirmam que os resultados são encorajadores. Aponta-se, no entanto, que o uso da droga deve ser feito apenas em ambiente clínico monitorado, e praticamente todos os estudos foram feitos junto à psicoterapia integrativa e assistida. Não é recomendada a automedicação, seja com psilocibina ou com outros medicamentos.

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