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Estudar a morte cerebral sempre foi um tema desafiador para a ciência, dada a complexidade e dificuldade do momento em que cessam as funções corporais. Um novo estudo, no entanto, conseguiu identificar a sequência de eventos que leva ao fim da atividade neural, achado que pode explicar as experiências de quase-morte e levar a possíveis intervenções médicas no futuro.
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Ao contrário do corpo, o cérebro não para de funcionar simplesmente de uma hora para a outra. Quando o suprimento de oxigênio acaba, os neurônios consomem rapidamente o combustível celular guardado (ATP) e se desestabilizam. Isso leva à secreção do neurotransmissor excitatório chamado glutamato, que gera um surto de atividade neural na hora da morte .
Segundo os cientistas, monitoramentos cerebrais mostram o que parece ser uma parada nas atividades neurais, que, em seguida, apresentam um pico especialmente nas ondas gama e beta. Elas são associadas a experiências conscientes, o que leva a ciência a crer que estejam envolvidas nas experiências de quase-morte de quem sobreviveu a paradas cardiorrespiratórias .
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Quando o cérebro começa a se desligar?
Após um curto período de tempo, a atividade dos neurônios chega ao silêncio dos sinais elétricos, mas não acaba aí — a última coisa a acontecer é uma onda de alta amplitude que se espalha por todo o órgão, causando mudanças estruturais e funcionais permanentes. É o que se chama de “onda da morte”, causada pela despolarização anóxica dos neurônios em seus momentos finais . Até hoje, os cientistas não sabiam onde no cérebro isso começava.
Ao medir a atividade cerebral de ratos durante a despolarização anóxica, os pesquisadores notaram que a onda da morte cerebral começa nos neurônios excitatórios das camadas corticais mais profundas, provavelmente porque essas células nervosas têm uma demanda energética grande. Também percebeu-se que o processo não é uniforme em todas as camadas — ele começa nas camadas 5 ou 6 e se propaga, então, em duas direções, para cima e para baixo.
Revertendo a onda da morte
A despolarização anóxica pode ser revertida se o cérebro for reoxigenado antes do final da onda da morte, o que foi feito nos cérebros dos roedores em laboratório. Os reservatórios de ATP foram restabelecidos, repolarizando os neurônios e evitando a morte dos animais. Agora, sabemos que mesmo após o cessar das atividades do cérebro, ainda há uma janela para trazer indivíduos de volta, e, conhecendo melhor a onda da morte, abrem-se possibilidades de proteção de pacientes com falência cardiorrespiratória no futuro.
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