Crítica Assassinato no Fim do Mundo | Bom plot twist não salva um enredo fraco
Diandra Guedes
Crítica Assassinato no Fim do Mundo | Bom plot twist não salva um enredo fraco

Investindo em uma nova produção da dupla Brit Marling e Zal Batmanglij — os mesmos da famosa The OA —, o Star+ lançou em novembro a série de mistério Assassinato no Fim do Mundo , protagonizada por Emma Corrin, a Lady Diana em The Crown . E, como o próprio título já entrega, a trama constrói uma história de assassinato que convida o público a descobrir quem é o responsável por trás das sucessivas mortes que começam a acontecer. O problema é que, mesmo partindo de um argumento interessante e tendo um ótimo plot twist no capítulo final, a série não escapa de ser morna e tediosa.

Isso acontece porque, durante os seis episódios que antecedem o desfecho, é o ritmo lento que marca a narrativa. Junte isso a um cenário branco e gélido que representa o fim do mundo, ou melhor, a Islândia, e está pronta a receita da chatice.

Nem o carisma dos atores ajuda a salvar, e isso porque parece que todos eles estão atuando no mesmo tom, com exceção de Ryan J. Haddad que dá vida a Oliver, um dos convidados que até chega a ser engraçado, apesar de ganhar pouco tempo de tela.

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A história, então, arranca mostrando a jovem Darcy — cuja infância a transformou em uma hacker habituada com a morte — sendo convidada para uma espécie de simpósio no qual os poucos participantes também são gênios da tecnologia.

O convite chega a mando de Andy Ronson (Clive Owen), um bilionário recluso que é casado com Lee Andersen (vivida pela própria Marling), uma hacker profissional que sofreu misoginia na internet e acabou se isolando do mundo virtual e real. Ainda completam o time o pequeno Zoomer (Kellan Tetlow), filho deles, uma astronauta vivida pela brasileira Alice Braga, uma especialista em cidades inteligentes (Joan Chen) e Ray, um programa de inteligência artificial que serve como mordomo.

E, como não poderia deixar de ser, não demora muito para a primeira morte acontecer, deixando no ar a sensação de que há algo errado entre o grupo. O problema, no entanto, é que desse ponto em diante o que se vê é uma sucessão de “mais do mesmo”.

Assim como várias outras séries de mistério, Assassinato do Fim do Mundo tenta convencer o público de que um personagem é o culpado. Acontece que quem já está acostumado com o gênero sabe que sempre que uma produção tenta vender alguém X como o assassino, o verdadeiro responsável pelas mortes acaba sendo outro.

Sendo assim, não há a mínima emoção em descobrir o inevitável: o assassino é, de fato, outra pessoa. Concomitantemente a isso, a série ainda mostra uma história paralela igualmente desinteressante — o passado de Darby e o momento em que ela conhece e se apaixona por Bill (Harris Dickinson), um outro aficionado por true crime e hacker que também está no simpósio.

Sendo justo, o único ponto agradável desses flashbacks é que eles têm um tom laranja-acobreado que cai bem em contraste com o branco da nevasca, porque até o romance dos dois é morno, sem química e chato.

Tecnologia, inovação e assassinato

É claro que por, ser escrita e pensada pela dupla Marling e Batmanglij, a série do Star+ não poderia seguir outro caminho senão usar a tecnologia e a estranheza como fio condutor da trama. O problema é que, aqui, tal estranheza dá lugar ao tédio, perdendo sua capacidade de prender a atenção do público. As críticas ao uso da inteligência artificial, por sua vez, são boas e totalmente pertinentes à época que estamos vivendo, e é o que salva a série de ser um fiasco total.

Talvez os mais apaixonados por The OA , encontrem alguma similiaridade na narrativa que os faça apaixonar por Assassinato no Fim do Mundo ou talvez os amantes de séries excessivamente morosas consigam aproveitá-la, mas salvo essas exceções é difícil que a trama conquiste alguém mais.

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