Estudo leva voluntários a inalar poluição para ver impacto no cérebro
Nathan Vieira
Estudo leva voluntários a inalar poluição para ver impacto no cérebro

Você respiraria ar poluído voluntariamente? Um grupo de pessoas recrutadas pela Universidade de Manchester fez justamente isso, para que os cientistas britânicos pudessem entender o impacto da poluição no cérebro humano. O estudo — ainda em desenvolvimento, embora uma descrição tenha sido publicada na MedRXiv — se concentra principalmente em participantes com histórico de Alzheimer na família.

A ideia do estudo veio de uma informação obtida anteriormente: regiões com elevadas concentrações de poluição costumam registrar taxas mais elevadas de demência do que áreas menos impactadas. Mas essa relação ainda é um mistério, e os cientistas não entendem completamente como a poluição pode provocar mudanças no cérebro.

Em 2022, um relatório feito pelo próprio governo do Reino Unido sugeriu que a poluição do ar pode causar demência , principalmente nos idosos. Na ocasião, a teoria é que três mecanismos podem estar por trás dessa relação: o dano causado aos vasos sanguíneos por partículas minúsculas, o sistema imunológico do cérebro ativado pela exposição à poluição ou o impacto de partículas através da passagem nasal.

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De acordo com essa breve descrição do ensaio, os participantes do estudo serão expostos a quatro poluentes: fumaça de lenha, escapamento de diesel, produtos de limpeza e emissões de cozinha.

Cada voluntário será exposto aos poluentes, um de cada vez, em sessões separadas realizadas durante vários meses.

Conforme diz o projeto, o próprio voluntário não saberá a qual substância será exposto. Antes e depois de cada exposição, os participantes precisam fazer um teste respiratório, fazer exame de sangue e testes cognitivos.

Impactos negativos da poluição

"Ao longo da última década, a nossa compreensão do impacto da poluição atmosférica na saúde da população a curto e longo prazo avançou consideravelmente, centrando-se nos efeitos adversos nos sistemas cardiovascular e respiratório. Há, no entanto, evidências crescentes de que a exposição à poluição atmosférica afeta a função cognitiva, particularmente em grupos suscetíveis", diz a descrição publicada na MedRXIv .

"A abordagem permite a identificação dos componentes mais perigosos nos poluentes do ar interior e exterior e uma maior compreensão das vias que contribuem para as doenças neurodegenerativas. Os resultados deste projeto têm o potencial de facilitar um maior refinamento nas políticas, enfatizando os poluentes relevantes para a saúde e fornecendo detalhes para ajudar na mitigação dos riscos para a saúde associados aos poluentes", concluem os pesquisadores.

Anteriormente, estudos já revelaram potenciais negativos dos poluentes: uma pesquisa de 2021 apontou que a poluição do ar pode prejudicar a saúde do cérebro , por exemplo. Mas claramente os impactos vão além do cérebro: a exposição à poluição chegou a ser a causa de 10% dos casos de câncer na Europa .

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