O que é um ano bissexto e por que ele tem um dia a mais?
Augusto Dala Costa
O que é um ano bissexto e por que ele tem um dia a mais?

Com a chegada de 2024, vem mais um ano bissexto para a conta dos nossos calendários. Você sabe o que significa um ano bissexto, ou para que serve? Resumidamente, o evento traz um dia extra para o segundo mês do ano — gerando o 29 de fevereiro —, o que ocorre a cada quatro anos. Isso serve para deixar o ano civil, ou seja, o do calendário gregoriano, mais sincronizado com o ano solar , que tem 365,242 dias.

A correção dos anos solares nem sempre foi tão simples assim, no entanto, e a história até chegarmos até o atual sistema bissexto — e as razões para que os seres humanos precisem fazer isso — é bastante longa. Mas não se preocupe, porque nós do Canaltech vamos resumir tudo para você.

A história do ano bissexto

Para entender como surgiram os anos bissextos, precisamos estudar o surgimento do calendário moderno, que precisou de vários séculos de ajustes. Ele vem dos romanos , que dizem que um dos irmãos fundadores de Roma, Rômulo, criou um calendário com 304 dias e divisões de 10 meses, começando no equinócio de primavera no hemisfério norte.

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O sucessor de Rômulo, Numa Pompílio, teria modificado o calendário para ter 355 dias e 12 meses. É aqui que começa a briga para sincronizar melhor as datas com o ano solar — a cada 2 anos, um mês extra com 22 ou 23 dias era adicionado para isso. Já em 45 a.C., Júlio César contratou um astrônomo, Sosígenes, para transformar o calendário romano em um calendário solar por excelência, alinhando melhor as estações do ano, como já fazia o calendário dos egípcios, que também inventaram o sistema de 24 horas .

Nascia, assim, o calendário juliano, com o que se chamava de ano comum — 365 dias divididos em 12 meses. Estes alternavam entre ter 30 e 31 dias, encaixando também as quatro fases da lua em cada mês. A cada três anos, um dia extra era adicionado após 25 de fevereiro, gerando o primeiro ano bissexto.

O nome do evento vem da fala de César sobre a data: “ante diem bis sextum Kalendas Martias”, ou, em tradução livre do latim, “repetição do sexto dia antes das calendas de março”. O termo “Calendas” se referia aos primeiros dias do mês, enquanto os do meio eram chamados de “Nonas”, e os últimos, “Idos”. Isso quer dizer que o sexto dia antes de 1º de março se repetia (bis sextum, ou bissexto), e o termo é usado porque a contagem de tempo romana fala sobre os dias retroativamente.

O problema é que a adição de um dia apenas a cada três anos não corrigia muito bem a sincronização com o ano solar, o que só foi percebido 30 anos depois. Historiadores acreditam que isso tenha sido corrigido ao retirar os anos bissextos entre 12 a.C. e 8 d.C. O imperador Augusto, que sucedeu Júlio César, instituiu finalmente o dia extra a cada quatro anos, o colocando após 24 de fevereiro.

Quem mudou o dia do ano bissexto para 29 de fevereiro foi o Papa Gregório, em 1582 gerando o atual calendário gregoriano em um último esforço para corrigir a falta de sincronia com o sol. No calendário juliano, a cada 400 anos, ocorria um atraso de três dias em relação ao ano solar.

A correção solar veio ao estabelecer que anos bissextos em anos seculares (como 1900 ou 2000) só ocorrem se o ano for divisível por 400. O ano 1600, por exemplo, foi bissexto, já que 1600 ÷ 400 = 4. Já o ano 1500 não foi, já que 1500 ÷ 400 = 3,75. Com isso, o próximo ano terminado em 00 que será bissexto é 2400.

Por que o ano bissexto importa?

Embora a sincronização solar não pareça, à primeira vista, tão importante, considere que mantivéssemos o atraso de um dia a cada quatro anos em relação ao sol — após algumas décadas, o dia em que a primavera ou outras estações se iniciam, por exemplo, já estaria fora de sincronia, o que complica diversas coisas na prática.

A agricultura teria de se ajustar constantemente, bem como eventos astronômicos, datas religiosas e a vida cotidiana, que teria que estabelecer estações do ano vagantes ao longo do ano. Em resumo, é melhor evitar a confusão ao viver um dia a mais em fevereiro a cada quatro anos, em média.

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