Crítica Berlim | Spin-off é divertido e preserva a essência do personagem
Diandra Guedes
Crítica Berlim | Spin-off é divertido e preserva a essência do personagem

Depois de brilhar e roubar a cena em La Casa de Papel , uma das séries espanholas mais amadas dos últimos tempos, Berlim, vivido por Pedro Alonso, retorna às telas, desta vez em uma produção homônima para chamar de sua. Com oito episódios, a série chegou à Netflix no apagar das luzes de 2023 entregando uma trama divertida, bem amarrada e muito mais passional do que a original.

Dessa vez, Berlim é o grande protagonista e conta com mais cinco ladrões para colocar em prática um plano ambicioso: roubar 44 milhões de Euros em jóias como um passe de mágica. E é entre estratégias mirabolantes, espionagem, abertura de cofres e fechaduras, que o protagonista se revela muito mais vulnerável do que se podia imaginar, já que, ao se apaixonar pela mulher da vítima, se coloca em perigo sem a menor necessidade.

Isso, no entanto, não atrapalha o enredo — pelo contrário, ajuda no ritmo e preserva a essência do personagem, que mesmo sendo vendido como um dos principais cérebros do roubo à Casa da Moeda Espanhola na obra original, nunca escondeu seu lado romântico, assim como seu irmão, o Professor.

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E vale ressaltar ainda que, nesse spin-off, o roubo não passa de uma desculpa para afugentar a dor de cotovelo que o protagonista sente ao lidar com seu terceiro divórcio. Sendo assim, é incoerente reclamar que a série focou no romance e deixou o crime de lado, já que ambos estão ali e são trabalhados concomitantemente.

Além disso, o charme, o cinismo e o sarcasmo do personagem-título garantem a nostalgia e a identificação imediata com o mesmo. E, para ser justo, logo no primeiro episódio, ele declara que só duas coisas movem sua vida: o amor e o dinheiro!

É partindo desses dois preceitos que os criadores Aléx Piña e Esther Martínez Lobato também constroem a trama dos coadjuvantes. Enquanto Roi (Julio Peña Fernández), um assaltante especializado em abrir fechaduras, se desconcentra com a proximidade com a bela Cameron (Begoña Vargas), Keila (Michelle Jenner), a inteligente e metódica engenheira, não resiste à tentação de trabalhar lado a lado com o musculoso Bruce (Joel Sánchez).

É interessante perceber como o roteiro trabalha esses romances aos poucos, fazendo com que o espectador tenha mais vontade de ver o desfecho das duplas. Ao mesmo tempo, a série não esquece que todos os cinco são coadjuvantes e que o foco deve ser sempre em Berlim e nas suas obsessões.

Para completar a lista de acertos, nos episódios finais, a brilhante Najwa Nimri aparece novamente na pele da detetive Alicia Sierra, ao lado de Itziar Ituño como Raquel Murillo (antes de se tornar Lisboa). As duas além de reforçarem a nostalgia, ainda ajudam o enredo a se conectar com a trama de La Casa de Papel , isso sem falar que ambas esbanjam o carisma e o talento de sempre.

Mesmo um bom enredo não é isento de falhas

Mesmo com esses acertos, é impossível negar que a série da Netflix deixou alguns furos significativos. Um deles é o fato do protagonista desfilar com sua amante por Paris inteira sem levantar suspeitas. Outro é que a obra não faz menção ao seu adoecimento, à sua bissexualidade e menos ainda à relação com o Professor.

Há uma breve referência a ele no terceiro episódio, mas ainda muito superficial e sem reforçar o parentesco, o que é um verdadeiro banho de água fria, já que o objetivo do prequel era justamente adentrar na vida de Berlim e nas suas relações pessoais. Para piorar, o enredo não justifica o codinome do personagem. Afinal, Berlim foi um nome falso para que Andrés Fonollosa escondesse sua identidade no roubo à Casa da Moeda, mas se essa história se passa tantos anos antes, por que ele já tinha esse apelido?

Além disso, o próprio plano para o roubo das jóias tem mais erros do que deveria e deixa um gosto amargo na boca. A parte boa é que há uma certa igualdade entre homens e mulheres, já que Keila não fica só no operacional e prova que mulheres também podem ser o cérebro do crime. A mudança de cenário de Madri para Paris também traz um bom respiro para a trama e a impede de se tornar uma cópia da original.

Por fim, Berlim entrega o que promete, sem deixar espaço para falsas ilusões. Há romance, crime e tensão na medida. Os oito episódios dão conta do enredo e o spin-off se firma como um presente para quem gostou de La Casa de Papel . Mesmo com erros, tem boas chances de agradar!

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