Nível de satisfação pessoal impacta a saúde cardiovascular
Fidel Forato
Nível de satisfação pessoal impacta a saúde cardiovascular

Falar sobre satisfação pessoal e qual é o seu nível de felicidade com a própria vida pode parecer discurso de autoajuda, mas uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) descobriu que estes fatores impactam a saúde cardiovascular.

Liderado pela pesquisadora Aline Eliane dos Santos, o estudo descobriu que pessoas com maior nível de satisfação têm maiores chances de ter boa saúde cardiovascular e menos doenças cardiovasculares. Para chegar a esta conclusão, foram analisados dados de 13 mil brasileiros.

Segundo Santos, este é o primeiro estudo a analisar a relação entre a satisfação com a vida pessoal, a saúde cardiovascular e a mortalidade, a partir de dados exclusivos da população brasileira.

-
Siga o Canaltech no Twitter e seja o primeiro a saber tudo o que acontece no mundo da tecnologia.
-

Doenças cardiovasculares

Antes de seguir, vale mencionar que, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), “as doenças cardiovasculares são um grupo de doenças do coração e dos vasos sanguíneos”.

Entre as enfermidades mais comuns, estão:

  • Doença arterial coronariana: é a doença dos vasos sanguíneos que irrigam o músculo cardíaco, deixando eles mais estreitos, e que está associada com casos de infarto agudo do miocárdio (ataque cardíaco);
  • Doença arterial periférica: diagnosticada quando há problemas, como estreitamento, envolvendo os vasos sanguíneos que irrigam os membros superiores e inferiores;
  • Doença cerebrovascular: quando o problema afeta os vasos sanguíneos que irrigam o cérebro.

Este grupo de doenças está entre as principais causas de morte em todo o mundo, incluindo o Brasil . De forma geral, os pacientes apresentam alguns fatores de risco, como hipertensão (pressão alta).

Estudo sobre satisfação pessoal

Na pesquisa da UFMG, foram analisados dados de 13 mil pessoas que participaram do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil), realizado entre 2012 a 2014. Entre estes indivíduos, estão servidores públicos de instituições de ensino e pesquisa de seis capitais brasileiras.

Para medir o nível de felicidade com a própria vida, a cientista Santos recorreu à Escala de Satisfação com a Vida (SWLS). A ferramenta apresenta cinco afirmativas para as quais as respostas variam de 1 (“discordo totalmente”) a 7 (“concordo totalmente”). No final, o escore de satisfação vai de 5 a 35 pontos, sendo que, quanto maior for o resultado, mais satisfeita a pessoa é.

Melhora na saúde do coração

Além da maior probabilidade de ter uma boa saúde cardiovascular, a pesquisa descobriu que os níveis mais baixos de satisfação estão associados com maior mortalidade por todas as causas em pessoas de até 65 anos.

“Esses resultados são particularmente importantes para o Brasil, já que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no país”, aponta Santos. Para a pesquisadora, a descoberta confirma o fato de que o nível de satisfação deve ser encarado como indicador importante para a saúde.

Qual é a explicação?

Existem diferentes hipóteses que podem explicar o porquê do maior nível de satisfação ser associado com a melhor da saúde cardiovascular. “É possível que um dos caminhos que conectam a maior satisfação com a vida à melhor saúde cardiovascular seja a redução dos efeitos deletérios do estresse, como a menor ativação das respostas inflamatórias, que são um mecanismo comum a várias doenças crônicas”, sugere Santos, em nota.

“A satisfação com a vida também estimula os indivíduos a adotar comportamentos saudáveis, como a prática de atividade física, e outros cuidados com a saúde”, complementa a pesquisadora.

Cabe destacar que a tese de doutorado de Santos, desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública, ainda não foi publicada.

Leia a matéria no Canaltech .

Trending no Canaltech:

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!