Sobrevivência de espécie brasileira de cavalo-marinho depende do mangue
Fidel Forato
Sobrevivência de espécie brasileira de cavalo-marinho depende do mangue

Nativo do Brasil, o cavalo-marinho-de-focinho-longo ( Hippocampus reidi ) só deve fugir da extinção se os manguezais forem preservados, segundo pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC). Hoje, a sobrevivência da espécie está em risco.

Para chegar a esta conclusão, a equipe de cientistas acompanhou uma população de cavalos-marinhos, durante um ano, no estuário do rio Pacoti, localizado no Ceará. A pesquisa completa foi publicada na revista N eotropical Ichthyology .

Segundo os pesquisadores, “a espécie de cavalo-marinho está fortemente associada à vegetação de mangue, utilizada como suporte”, quando se observa o comportamento destes peixes ósseos nos estuários semiáridos. Nesse contexto, “a proteção dessas populações depende da conservação das florestas de mangues ”, defendem.

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A seguir, veja imagens de um cavalo-marinho-de-focinho-longo usando a vegetação do mangue como suporte, em registro feito no Brasil:

Os achados tornam ainda mais urgente a importância da preservação dos mangues, mas esta é uma corrida contra o tempo. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), 40% do que já foi extensão contínua de manguezais não existe mais no país, especialmente no Sudeste e no Nordeste. Agora, os mangues sobreviventes estão em risco de extinção.

Risco de extinção?

A espécie de cavalo-marinho-de-focinho-longo pode ser encontrada ao longo da maior parte da costa brasileira, incluindo o Ceará. Em alguns países das Américas, estes animais marinhos fascinantes também são identificados, como Panamá, Venezuela e EUA.

Só que, mesmo assim, o Hippocampus reidi é uma das espécies de cavalos-marinhos que são classificados como vulneráveis no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção , do ICMBio.

Para entender esses riscos, é preciso olhar para o comportamento dos cavalos-marinhos. De modo geral, vivem em populações caracterizadas por uma baixa densidade — pequenos agrupamentos. Também são entendidos como sedentários, já que dificilmente percorrem longas distâncias. Em resumo, "os cavalos-marinhos são fortemente dependentes do habitat”, como apontam os autores da pesquisa.

Perigos que afetam os cavalos-marinhos

“Os impactos antrópicos adversos nos ecossistemas aquáticos, como a destruição de habitats e a poluição, aumentam enormemente a vulnerabilidade e o risco de extinção”, acrescentam os cientistas.

No atual contexto brasileiro, são vários os desafios para a preservação desta espécie, como:

Preservação do mangue

Só que esta visão de que a espécie é tão dependente do habitat é uma nova descoberta científica. Na verdade, os autores acreditavam, inicialmente, que outros fatores poderiam impactar tanto quanto a sobrevivência de uma população de cavalos-marinhos, como os níveis de salinidade ou de transparência da água.

Na busca por compreender melhor a espécie, os pesquisadores monitoraram uma comunidade de cavalos-marinhos, com 248 espécimes, entre dezembro de 2017 e novembro de 2018.

Entre os achados, o estudo revelou que a quantidade de cavalos-marinhos grávidos aumenta na época seca, entre os meses de janeiro e dezembro. Este é o período em que o nível de salinidade das águas apresenta menor variação. Também foi observado que, quando o nível de transparência da água é mais baixo, há maior dificuldade na hora da alimentação.

No entanto, a preservação do habitat e de sua respectiva vegetação é um dos pontos mais centrais na sobrevivência, considerando a sua baixa mobilidade. “O cavalo-marinho é dependente de seu habitat, como forma de abrigo de predadores, e de locais de fixação, já que ele se prende com sua cauda em substratos como raízes, ervas-marinhas e algas”, afirma Gabriela Valentim, pesquisadora da UFC e autora do artigo, para a Agência Bori .

Após entender melhor a relação desta espécie com o mangue e fornecer insights que ajudem a preservação dos cavalos-marinhos no Brasil, a equipe irá investigar como proteger outros peixes e invertebrados aquáticos ameaçados de extinção.

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