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As mudanças climáticas intensificam a ocorrência de eventos climáticos extremos, como secas prolongadas e chuvas acompanhadas de severas enchentes. Neste último caso, as águas costumam provocar uma onda de doenças diarreicas, sendo que estas afetam gravemente crianças pequenas.
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Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), "as diarreias são a segunda principal causa de morte em crianças menores de cinco anos” em todo o mundo. Por ano, a condição leva ao óbito cerca de 552 mil crianças.
Embora o número seja alto, a tendência é de aumento com consequência do aquecimento global , especialmente em comunidades mais pobres.
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Intensificação de doenças
“Observamos que o impacto das alterações climáticas na transmissão de doenças depende da interação, em constante mudança, entre eventos climáticos extremos, vulnerabilidades locais e exposição a microrganismos causadores de doenças”, explica Vanessa Harris, professora da Universidade de Amsterdã, na Holanda, em nota.
Para entender como isso ocorre, Harris comenta que as chuvas fortes e repentinas podem causar transbordamento de esgotos, contaminando assim o abastecimento de água potável . As pessoas saudáveis também podem ser expostas diretamente ao esgoto.
No caso dos aumentos extremos de temperatura, os períodos mais quentes podem facilitar a proliferação de patógenos e de alguns vetores de doenças, como mosquitos e carrapatos. Estes não necessariamente vão provocar quadros de diarreia, mas também podem ser fatais.
O risco das diarreias
Em relação à diarreia e às enchentes, é preciso entender que este sintoma pode ser causado por inúmeras infecções que afetam o trato intestinal, provocadas por bactérias, vírus ou parasita. São os casos das diarreias bacterianas, causadas pela Salmonella , ou ainda da hepatite A, provocada pelo vírus de nome homônimo .
Independente da origem, “a diarreia pode durar vários dias e deixar o corpo sem a água e os sais necessários à sobrevivência”, pontua a OMS. Nestas condições, a desidratação grave e a perda de líquidos afetam diretamente a capacidade de sobrevivência, o que pode ser ainda mais fatal para crianças pequenas e idosos.
Experiência em Gana com as chuvas
Os efeitos das mudanças climáticas já são palpáveis, em maior grau, em algumas nações, como é o caso de Gana. "Muitas das nossas comunidades piscatórias [comunidades costeiras, conhecidas por viverem da pesca] estão expostas a frequentes inundações devido à subida do nível do mar, tempestades e chuvas irregulares, que podem ocorrer todos ao mesmo tempo e têm consequências devastadoras nas infraestruturas e no abastecimento de água [potável]”, afirma Adelina Mensah, cientista da Universidade do Gana.
“Com recursos alternativos limitados, os riscos para a saúde aumentam exponencialmente" para os moradores destas comunidades, lembra Mensah. Entre os maiores riscos, estão as doenças diarreicas.
Consórcio contra as mudanças climáticas
Para ajudar os países a combaterem os efeitos mais graves das mudanças climáticas, começa a ser criado um consórcio global para definir quais são as melhores estratégias de prevenção e de redução de danos, conhecido como Springs. Entre os membros, estão pesquisadores da Holanda e de Gana, mas também de outros inúmeros países.
Inicialmente, o consórcio começará pela coleta de dados estatísticos e médicos sobre os efeitos das alterações climáticas. Nesta fase, o país africano será a primeira nação a ser estudada.
Em breve, a equipe também realizará análises na Tanzânia, Romênia e Itália, sendo que todos os quatro locais de estudo foram escolhidos devido à sua susceptibilidade tanto a inundações como a secas.
"Queremos chegar ao estágio em que possamos prever riscos locais e nacionais e usar essas evidências para moldar políticas. Isso significa compreender onde a qualidade da água e a vigilância de patógenos precisam ser intensificadas para apoiar as comunidades e os governos na priorização de seus recursos limitados na área da saúde”, pontua Harris sobre os objetivos da iniciativa.
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