Review Kia Niro | SUV híbrido deveria ser o anti-Corolla Cross
Felipe Ribeiro
Review Kia Niro | SUV híbrido deveria ser o anti-Corolla Cross

O Kia Niro chegou ao Brasil em 2022 sem uma missão muito clara. O SUV híbrido de porte médio/compacto tem preço, equipamentos, porte, motor e design para encarar as grandes referências do mercado, sendo elas híbridas ou não, mas ainda não emplacou grandes números de vendas.

No convívio com o Niro, fica difícil de entender como um carro tão bom vende tão pouco. Talvez o erro esteja na estratégia da montadora sul-coreana e no seu posicionamento, mas aqui, há um claro potencial desperdiçado.

O Canaltech testou a versão mais completa do Kia Niro, a SX Prestige, e vai te contar como foi a experiência com o SUV híbrido sul-coreano.

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Prós

  • Espaço Interno
  • Consumo
  • Pacote de segurança
  • Design

Contras

  • Não é flex
  • Desempenho poderia ser melhor

Conectividade, Segurança e Tecnologia

O Kia Niro é um carro bem-posicionado quando pensamos no que temos nos concorrentes do segmento de SUVs médios. Há um pacote completo de equipamentos e o carro é cercado de tecnologia e segurança, exatamente como deve ser um postulante de mais de R$ 200 mil.

O sistema ADAS está presente em sua forma mais completa, com todos os recursos disponíveis. Há o alerta de colisão frontal, a frenagem automática de emergência, piloto automático adaptativo , alerta de ponto cego com assistente de tráfego cruzado, assistente de permanência em faixa e comutador automático do farol alto. Mas não ficou só nisso.

A Kia fez o mesmo que a Hyundai fez no Hyundai HB20 e no Creta e incrementou esse sistema com o alerta de colisão traseiro com frenagem em saídas de vagas, alerta de segurança para saída do carro e o ótimo centralizador de faixa com esterçamento automático, que transforma o Niro em um carro quase que autônomo em alguns momentos.

Os recursos de segurança do Niro funcionam exatamente como nos seus irmãos de Hyundai, ou seja, tudo está bem calibrado para as ruas do Brasil, lotadas de motoqueiros e motoristas mal-educados. Talvez a única ressalva fique por conta da ausência do sistema conectado idêntico ao Hyundai Bluelink .

Com esse sistema, o Niro ficaria ainda mais seguro e conectado, colocando a central multimídia de 10 polegadas em um patamar superior. O aparelho, vale dizer, é idêntico ao que vimos em outros carros do grupo sul-coreano, como o próprio Creta. A tela tem ótima resolução, a interface é rápida e o espelhamento com celulares pode ser feito sem fio. Até mesmo o recurso de "sons da natureza" foi herdado do SUV compacto.

Na comparação com SUVs médios do mercado nacional, o Niro está bem-posicionado e não pode ser eliminado de uma lista de compras por causa dos equipamentos.

"O Niro vem com tudo o que um bom carro precisa no segmento de SUVs para ser atraente e competitivo, sobretudo na parte de segurança"

— Felipe Ribeiro

Experiência de uso e Conforto

Feito na plataforma K3, o Kia Niro herda muito do que é visto no grupo Hyundai e sua primeira leva de carros híbridos, como o Ioniq e o Kona. A começar pelo powertrain híbrido, exatamente o mesmo dos modelos citados. Aqui, temos o conhecido motor 1.6 Kappa de 105cv e 14,7 kgf/m de torque, que trabalha em conjunto com um propulsor elétrico de 44cv e 17,3 kgf/m de torque, sempre aliado a um câmbio automatizado de dupla embreagem e seis marchas. Combinados, eles rendem 141cv e 27 kgf/m e a bateria do sistema elétrico é de 1,56 kWh.

Nesse sistema, o SUV é considerado full hybrid ou híbrido convencional. O motor a combustão entra em ação somente para recarregar a bateria e quando o carro precisa de uma forte aceleração, como subidas ou ultrapassagens. Já o propulsor elétrico age nas partidas e quando o SUV está em velocidade de cruzeiro.

Na prática, o Niro se comporta de forma muito parecida com o que vimos no Corolla Cross, com a condução elétrica sempre aparecendo em situações em que se gasta mais gasolina, como nas saídas com o carro. O interessante é ver que o sistema sempre tenta privilegiar o motor elétrico, mais até do que outros carros com esse sistema.

Em termos de dinâmica o Kia Niro não empolga, mas também não irrita. Os 141cv são mais do que suficientes para o uso na cidade, circuito em que testamos o SUV. Em vias expressas deu para sentir um pouco de fôlego em ultrapassagens, mas nada que possa ser tão criticado. O objetivo aqui é a economia de combustível e, nesse quesito, ele brilha.

Em nosso uso, o computador marcou 18,7 km/l, menos do que a Kia relatou no lançamento, mas muito mais do que imaginávamos. Dependendo do motorista, dá para fazer médias até superiores.

Já falando da dirigibilidade, o Niro não faz feio. Com ajuste de suspensão bem pensado para o Brasil, a tocada do SUV lembra, e muito, a de um hatch médio. Há ótima absorção dos impactos de nosso asfalto lunar e as curvas são agradáveis e seguras. Ninguém fica "sambando" no Kia Niro.

Porte "esquisito", mas conforto absurdo

O Kia Niro é pequeno demais para ser um SUV médio e grande demais para ser um compacto. Então, trataremos o SUV como médio/compacto. Com 4,42m de comprimento e 2,72m de entre-eixos, o modelo sul-coreano é um show quando o assunto é conforto e aproveitamento do espaço. Viajar na fileira traseira do Kia Niro é um verdadeiro deleite, mesmo com o estilo acoupezado do carro.

Apesar de menor do que o Toyota Corolla Cross , o Niro oferece muito mais espaço interno. Ele, aliás, também é mais confortável do que o Compass e o VW Taos , para citar mais dois SUVs médios.

Os itens de conforto do Kia Niro são muitos. Temos retrovisor interno eletrocrômico, ar-condicionado digital e automático, rebatimento dos retrovisores externos, ajustes elétricos para o banco do motorista, direção elétrica, sensor crepuscular, saída de ar para os ocupantes traseiros e abertura elétrica do porta-malas.

"Apesar da falta de fôlego em alguns momentos, o Kia Niro entrega aquilo que se espera de um SUV híbrido: economia de combustível e eficiência energética"

— Felipe Ribeiro

Design e Acabamento

Um dos pontos mais fortes do Kia Niro é o design. O SUV sul-coreano sai do lugar comum quando pensamos em sua aparência e agrada com linhas mais retas e soluções inovadoras para algumas das peças do carro, como o conjunto óptico, por exemplo, que é posicionado mais abaixo no para-choques e deixa a região perto do capô com uma espécie de ilusão de ótica.

Na traseira, a versão SX Prestige traz coloração diferente para o teto e para a coluna C, algo incomum em carros hoje em dia.

Já o acabamento também agrada e mostra a ideia da Kia de se aproximar de um cliente que quer carros mais premium. Há ótimos arremates por toda a cabine e até pelas retroiluminadas no painel.

Concorrentes

Se ficarmos restritos somente aos modelos eletrificados, o Kia Niro tem como rivais o Toyota Corolla Cross, o GWM Haval H6 , o Hyundai Kona e o BYD Song Plus , todos na faixa dos R$ 200 mil. Mas, claro, nomes como o próprio Jeep Compass e o VW Taos podem estar na mira do cliente do Niro.

Vale a pena comprar o Kia Niro?

O Kia Niro é um excelente produto e, atualmente, podemos chamá-lo de injustiçado. Com predicados capazes de convencer a maioria da clientela de SUVs, o modelo sul-coreano merecia melhor sorte em nosso mercado. Com design atraente, ótimo pacote tecnológico e motor realmente econômico, o Niro pode fazer muito mais do que tem feito ultimamente quando o assunto é vendas.

A Kia pode — e deve — alterar um pouco sua estratégia para vermos mais carros como esse pelas ruas.

O Kia Niro SX Prestige pode ser encontrado nas concessionárias da Kia por R$ 228 mil, mas há versões a partir de R$ 200 mil.

No Canaltech , o Kia Niro foi avaliado graças a uma unidade gentilmente cedida pela Kia Motors do Brasil.

Leia a matéria no Canaltech .

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