Placa tectônica Indiana pode se dividir em duas no Himalaia
Augusto Dala Costa
Placa tectônica Indiana pode se dividir em duas no Himalaia

De acordo com uma nova pesquisa, a Placa Continental Indiana pode estar se dividindo em duas — mas de uma forma bem diferente. A Placa do Leste da África, por exemplo, está se quebrando em duas em uma falha geológica , o que levará à formação de um microcontinente, mas a Indiana estaria se separando horizontalmente, com uma parte indo em direção à Eurásia e a outra afundando sob o manto, cada camada com cerca de 100 km de espessura.

Segundo a teoria, isso faria parte da explicação sobre a formação do Platô Tibetano e a cadeia de montanhas do Himalaia, com o famoso monte Everest . Cientistas concordam que ambas essas formações geológicas são resultado do deslocamento da Índia para o norte a uma taxa de 1 a 2 milímetros por ano, pressionando a Eurásia e forçando as montanhas a subir, o que vem acontecendo há pelo menos 60 milhões de anos. Para além disso, no entanto, pouco se sabe sobre a dinâmica das placas locais.

Uma ideia diz que a Placa Indiana é leve e flutuante demais para afundar em direção ao manto, o que a faria deslizar sob a Placa Eurasiana, elevando o solo onde fica o Tibete . Já outra sugere que a Placa Indiana estaria, na verdade, se dobrando, como uma de papel faz quando encontra resistência. A nova teoria, apresentada na em uma conferência da União Geofísica Americana em dezembro, dá uma terceira opção.

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A nova divisão da Placa Indiana

O trabalho é de cientistas da Universidade de Stanford, Academia de Ciências Geológicas da China, Universidade Oceânica da China e Centro Nacional de Previsões Ambientais e foi pré-publicado no periódico científico ESS Open Archive.

Nele, os pesquisadores descrevem o que seria a delaminação da Placa Indiana, ou seja, sua separação horizontal entre uma metade mais densa, que estaria afundando no manto, e uma mais leve, que flutuaria sobre ele e formaria o Tibete ao se dobrar no encontro com a Placa Eurasiana. As placas oceânicas fazem algo parecido ao se chocar com placas continentais, como no encontro da América do Sul com a placa do Pacífico.

Como é inviável perfurar 100 km em direção ao centro da Terra para verificar o fenômeno, os pesquisadores têm de ficar com indicações indiretas de sua existência. A principal é a evidência de bolhas de hélio saindo de nascentes no Tibete. A substância é rara em nosso planeta, sendo o hélio-3 mais raro ainda, vindo apenas de sobras da formação da Terra. Altas concentrações dele indicariam que a origem é o manto, mas, se for hélio-4, a origem poderia ser algum processo radioativo.

Foram medidas as taxas de isótopos de hélio de 200 nascentes tibetanas, o que mostrou um padrão de escape de hélio-3 que sugere uma proximidade suficiente do manto para que a substância venha à superfície. Mais para o sul, o gás que escapa é, em sua maioria, hélio-4, sugerindo que, no local, a placa ainda não teria se dividido, formando uma barreira que não deixa o hélio-3 escapar. Padrões de terremoto na região reforçam a hipótese, indicando que o manto está subindo a partir do leste do platô.

Sabemos que as placas são, de certa forma, como bolos — camadas mais densas ficam na parte de baixo, o que evita o esmagamento das camadas intermediárias caso estivessem por cima. O planeta não faz isso “conscientemente”, mas as partes inferiores das placas são feitas de rocha magmática solidificada, mais densa do que as superiores.

Segundo simulações de computador, essas partes poderiam, de fato, se separar. O fato da Placa Indiana ser mais grossa no norte e mais fina nas laterais apoia a teoria, já que a parte central, mais densa, afundaria mais rápido mesmo com pouca diferença de pressão.

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