Itens de pedra de 45 mil anos revolucionam história humana na Ásia
Augusto Dala Costa
Itens de pedra de 45 mil anos revolucionam história humana na Ásia

Artefatos de pedra com 45.000 anos estão mudando a percepção da ciência sobre a migração e a cultura humana no leste asiático, já que foram criadas por Homo sapiens no sítio de Shiyu, no nordeste da China, com materiais de locais muito distantes e tecnologias vindas de outros lugares. Além de conter a evidência mais antiga dos humanos modernos na região , o sítio arqueológico mostra como, desde o início, trocas de ideias e técnicas de trabalho eram difundidas na nossa espécie.

O processo verificado na região é chamado de crioulização, que define o contato entre sociedades e povos humanos migrantes e sua mistura de características e inovações. Shiyu foi habitado por um longo tempo, com ferramentas de pedras e artefatos sendo encontrados a até 30 metros de profundidade, escondidos por sedimentos. Descobrir quem viveu no local e por quanto tempo tem sido um desafio para a ciência há muito tempo.

Humanos antigos no leste asiático

Em 1963, escavações revelaram 15.000 artefatos de pedra em Shiyu, além de pedaços de osso e dentes e um fragmento de crânio de um H. sapiens . A maior parte da coleção se perdeu desde então, incluindo os restos humanos, mas cientistas continuaram as investigações, escavando o local novamente em 2013. O esforço foi guiado pelo paleoantropólogo Shi-Xia Yang, da Academia de Ciências da China, que está caracterizando em detalhes os achados junto a uma equipe internacional desde então.

-
Podcast Canaltech: de segunda a sexta-feira, você escuta as principais manchetes e comentários sobre os acontecimentos tecnológicos no Brasil e no mundo. Links aqui: https://canaltech.com.br/podcast/
-

Com técnicas de datação por radiocarbono e luminescência ótica, descobriu-se que os itens da camada mais inferior tinham até 45.000 anos, e que o trabalho de lascagem realizado tinha técnicas como a Levallois, que foi criada na Europa por culturas neandertais há cerca de 250.000 anos.

Os instrumentos ainda haviam sido trabalhados para facilitar o encaixe em hastes de madeira, o que indica habilidades de caça, e incluíam obsidiana, tipo de rocha que só pode ser encontrada entre 800 km e 1.000 km de distância do sítio, o que indica comércio, viagens ou ambos.

A maioria dos ossos era de cavalos adultos, apresentando marcas de corte característica de carneamento. Os humanos de Shiyu seriam, então, caçadores habilidosos que predavam e se alimentavam de cavalos. As evidências encontradas no local mostram a amálgama de culturas e técnicas compartilhadas por nossos ancestrais enquanto se expandiam pelo mundo, aumentando sua complexidade e demonstrando uma capacidade adaptativa única.

Leia a matéria no Canaltech .

Trending no Canaltech:

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!