Crítica 60 Minutos | Correria sem sair muito do lugar
André Mello
Crítica 60 Minutos | Correria sem sair muito do lugar

Ação é um gênero que evolui bastante com o tempo e a tecnologia que o cinema desenvolve ao longo das décadas. Apesar de outros tipos de produção também conseguirem mudar com o passar do tempo, o gênero de ação entrega longas que você praticamente consegue dizer em que época foi feita só de assistir a algumas cenas.

60 Minutos , produção original da Netflix, é um filme que traz uma boa ideia que é atemporal, mas sua execução mostra o quanto ele já parece ultrapassado. O longa alemão não é ruim, mas passa uma sensação de ser fora do seu tempo, com o perdão do trocadilho.

Correria e pancadaria, mas só um pouco

60 Minutos conta a história de Octavio, um lutador que parece ter um relacionamento bastante difícil com sua ex-namorada e mãe de sua filha. Lutador de MMA, ele precisa treinar para uma grande luta que, por acaso, foi agendada no mesmo dia do aniversário da criança.

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Após atrasos, a ex-namorada diz que não deixará mais ele se aproximar da filha, perdendo a sua guarda se não chegar em uma hora na sua festinha. Não sei até que ponto ela pode fazer isso apenas por ele ter se atrasado para o aniversário da criança, mas é o suficiente para que ele abandone tudo e saía correndo por Berlim para chegar até a casa da ex.

O problema é que membros de uma máfia de apostas investiram pesado na luta e Octavio precisa lutar. Então, bandidos resolvem persegui-lo para que ele lute, enquanto o lutador foge para chegar na sua filha.

Veja que a ideia de 60 Minutos não é ruim e sua execução poderia trazer vários momentos emocionantes. Caso o diretor quisesse fazer algo realmente tenso, poderia transformar o tempo de correria fazendo com que se passasse em tempo real. Muito mais difícil, mas também apresentaria várias possibilidades para cenas de ação.

Só que estaríamos errados ao pensar no que o filme poderia ser, e não no que ele realmente é, que é um longa de ação como centenas que você já viu na TV desde a década de 1990. As cenas de luta e grandes momentos dele seriam incríveis há 25 anos, mas hoje em dia parecem extremamente comuns. Nada ali chama atenção como poderia, o que é uma pena pois elas não chegam a ser ruins.

A esperança de boas cenas ficava no fato de o personagem principal ser um lutador de MMA e elas não são ruins, mas talvez tenham ido demais para o lado do realismo, o que não é particularmente cinematográfico. Isso faz com que Emilio Sakraya ( Warrior Nun ) consiga se sair bem em suas cenas, mas não pareça tão bem na tela como, por exemplo, Keanu Reeves como John Wick.

São personagens diferentes, mas você sente uma diferença sensível na coreografia das lutas, com 60 Minutos ficando muito mais para o lado de um filme como Busca Implacável . Considerando que Liam Neeson estava na casa dos 60 anos quando fez aqueles longas, talvez esse não seja um grande elogio.

Personagens profundos como um pires

Pedir uma construção rica da personalidade de personagens de um filme de ação que envolve porrada e correria pode parecer algo absurdo, mas 60 Minutos abusa um pouco da boa vontade do espectador pelo simples fato de entregar o quase menos que o básico.

Octavio começa o filme se mostrando um pai ausente, uma pessoa que não se importa muito com suas responsabilidades. Ao longo do filme, isso é lembrado por outros personagens, como seus pais e conhecidos. Chegando até o final da história, não é possível que ele mudou muito. Toda a correria e o que ele passa não parecem fazer com que ele amadureça e que eventualmente será um bom pai. Apenas que ele está tentando sobreviver.

Os outros personagens também são fracos, com alguns aparecendo e sumindo da história do mais absoluto nada. É algo que não incomoda muito pela ideia de Octavio não poder parar e simplesmente seguir em frente, mas não deixa de ser esquisito, principalmente quando essas pessoas retornam na trama como se fossem alguma coisa além de figuras aleatórias.

No fim das contas, voltando ao que falamos lá no começo, 60 Minutos parece um filme fora do seu tempo. Caso tivesse sido lançado na década de 1990, poderia ser considerado cult dentro de alguns anos, inspirando novas produções que o usariam como inspiração para algo melhor.

Do jeito que está, é um filme que não ofende, mas também não empolga. Considerando que o streaming é recheado de boas produções do gênero de ação, inclusive várias originais, é possível acreditar que logo o longa alemão se perca entre elas.

60 Minutos está disponível na Netflix.

Leia a matéria no Canaltech .

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