1ª fertilização in vitro de rinocerontes pode salvar espécies em risco
Fidel Forato
1ª fertilização in vitro de rinocerontes pode salvar espécies em risco

Na natureza, já não existem mais espécimes do rinoceronte-branco-do-norte ( Ceratotherium simum cottoni ) vivos. A mãe Najin e a filha Fatu são as últimas sobreviventes desta subespécie que reinou em grande parte da África Central. Agora, os resultados de uma fertilização in vitro , quase bem-sucedida, podem impedir a extinção dessas criaturas únicas.

Os rinocerontes-brancos-do-norte foram alvos da caça ilegal, que buscava os seus valiosos chifres. Parte da extinção na natureza também se deve à guerra civil que se desenrolou na região africana. Por fim, as dificuldades naturais e complexidade da gestação de um rinoceronte contribuem para o atual cenário.

A seguir, veja imagens das últimas fêmeas no espaço em que vivem, dentro da unidade de conservação Ol Pejeta Conservancy, no Quênia:

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Primeira fertilização in vitro

Os 30 últimos embriões dos rinocerontes-brancos-do-norte estão, hoje, congelados e protegidos em laboratórios na Alemanha e na Itália. São tão valiosos que os pesquisadores e especialistas em conservação optaram por não utilizá-los ainda. No entanto, eles precisaram aprender como realizar o processo de fertilização in vitro em mamíferos que pesam duas toneladas.

Por isso, a equipe do Biorescue, um consórcio que busca salvar a espécie da extinção, está realizando inúmeros testes em outra subespécie de rinocerontes bem próxima geneticamente, o rinoceronte-branco-do-sul ( Ceratotherium simum simum ).

Nesses testes, eles estão aprendendo como e quando os embriões devem ser implantados nas fêmeas. Após mais de 10 tentativas, um embrião foi transferido para uma fêmea que engravidou.

Apesar dos 60 dias de gestação, a gravidez foi subitamente interrompida com a morte da mãe em consequência de uma infecção bacteriana, que nada tinha a ver como procedimento. O feto media 6,5 cm e, segundo os pesquisadores, tinha 95% de chance de nascer vivo.

Mesmo que a fertilização tenha quase funcionado, a equipe está pronta para fazer os primeiros testes com os últimos embriões dos rinocerontes-brancos-do-norte do mundo. Isso deve ocorrer nos próximos meses, mas será preciso encontrar uma “barriga de aluguel” da subespécie do sul, já que Najin e Fatu não podem mais engravidar.

Variedade genética é problema

Se todos os planos dos cientistas derem certo e os primeiros filhotes de rinocerontes nascerem, será preciso pensar na baixa diversidade genética, o que será um empecilho para a recuperação dos rinocerontes-brancos-do-norte e para a criação de uma população viável.

Em busca de soluções, a startup Colossal Biosciences — conhecida pela promessa de resgatar animais extintos, como mamutes e dodôs — trabalha com a equipe do Biorescue.

Inicialmente, a ideia é coletar o maior número de amostras de DNA da subespécie, o que envolve a procura em museus com tecidos e ossos preservados. Assim, eles vão sequenciar todo esse material genético e, através da edição genética, devem produzir embriões mais diversos, o que poderá salvar os rinocerontes-brancos-do-norte do extermínio.

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