Review Mercedes-Benz EQE 300 | Sedan não é mera adaptação do Classe E
Felipe Ribeiro
Review Mercedes-Benz EQE 300 | Sedan não é mera adaptação do Classe E

A grande ofensiva elétrica da Mercedes-Benz precisava de um produto mais atraente do que os SUVs compactos EQA e EQB. Como o super sedan esportivo EQS 53 ficou muito fora da realidade com seu preço superior a R$ 1,3 milhão, coube ao EQE o papel de ser a grande estrela na linha de carros zero emissão da montadora alemã.

A aposta por aqui foi na grife que o Classe E ostentava entre os modelos a combustão, mas com um conceito ainda mais apelativo e futurista. O EQE não é apenas uma adaptação do seu irmão a gasolina. Ele tem vida própria e te encanta com poucos minutos de convívio.

Mas, depois de passar um bom tempo com ele e rodar bastante, percebemos que falta algo para esse sedan grande elétrico. Confira em nossa análise aqui para o Canaltech .

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Prós

  • Luxo extremo
  • Espaço interno e conforto
  • Dirigibilidade
  • Acerto de suspensão
  • Pacote tecnológico
  • Autonomia absurda

Contras

  • Preço
  • Potência
  • Não tem concierge

Conectividade, Segurança e Tecnologia

Não seria exagero dizer que o Mercedes-Benz EQE 300 é uma versão menor do que vimos no EQS 53 . Há absolutamente tudo o que o mega sedan esportivo elétrico traz em temos de tecnologia, mas com adaptações óbvias. Aqui, não há a tela exclusiva para o passageiro como no modelo maior, mas todo o sistema MBUX está presente em sua melhor forma.

Com o MBUX, o EQE 300 envolve o motorista e ocupantes do carro com segurança e assistentes de condução em níveis praticamente perfeitos de ação, como o modo de condução autônoma de nível 2 . Quando acionado, o sedan praticamente dirige por você, já que faz esterçamentos perfeitos em rodovias, te mantém na faixa bem centralizado e se adapta à velocidade do carro adiante com extrema precisão.

Na central multimídia, que tem tela gigantesca de alta resolução, conseguimos controlar absolutamente tudo no EQE 300, seja por toque ou por voz; desde o ajuste para o banco do motorista, massagens e o sistema de mídia, que espelha celulares sem fio e está munido de som assinado pela Burmester, com ajustes que podem até ser tridimensionais, dependendo do seu gosto. Para uma cabine do tamanho da do EQE, o som agrada bastante.

Voltando para o campo da segurança e das assistências, o EQE 300 executa a proteção do seu chassi como poucos. O alerta de ponto cego, por exemplo, detecta motocicletas vindas em altas velocidades, algo que outros carros já não conseguem fazer. Além disso, o sistema de estacionamento semiautônomo trabalha com maestria, poupando muito o tempo em balizas. O GPS nativo com realidade aumentada também está por aqui.

Mas, assim como citamos em outros carros da Mercedes, nem tudo são flores. Os comandos para a mídia são ruins, sobretudo os posicionados no volante, e há, ainda, a falta do concierge. Concorrentes bem mais baratos já estão com esse ecossistema mais pronto, por exemplo.

"O Mercedes-Benz EQE 300 é um dos carros mais hi-tech do Brasil e isso não fica apenas na prancheta. O sedan te envolve com equipamentos e recursos vistos somente em modelos realmente exclusivos e futuristas"

— Felipe Ribeiro

Experiência de uso e Conforto

É possível achar um carro que vem com motor traseiro de 245cv e 56 kgf/m de torque um carro aquém em termos de desempenho? Bem, os números podem ser bons, mas incomoda um pouco o fato de o Mercedes-Benz EQE não ser um dos carros elétricos mais rápidos do mercado. Explicamos.

O uso no dia a dia é bem agradável e não sentimos falta de nada com o EQE 300. Ele entrega o torque de forma imediata, como todo carro elétrico, e desempenha bem na estrada, efetuando acelerações fortes e retomadas interessantes. Mas olhando todo o pacote do sedan, aqui poderia, ao menos, termos a tração integral e um motor com mais força.

A aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 7,3 segundos, mas sentimos que esse número é abaixo do que o carro merece. Em outras palavras, a Mercedes parece ter escolhido sacrificar desempenho para apostar em autonomia. Nesse caso, o EQE é quase imbatível.

Os números oficiais mostram que a bateria de 89 kWh é capaz de oferecer 645km de autonomia no ciclo WLTP, mas em nosso uso, que teve trajeto mais rodoviário do que urbano, anotamos 530km, com 7% da bateria por rodar. Ou seja: números mais do que suficientes para um modelo desse nível, contrastando com a questão da performance. Esses números também foram possíveis graças ao ótimo sistema de regeneração de energia do sedan, que se adapta aos carros à frente e ajusta o freio motor conforme a necessidade.

Na dirigibilidade, o EQE é um verdadeiro Mercedes e o segredo está em sua suspensão adaptativa. O sedan é bem baixo e isso favorece curvas em alta velocidade com quase nenhuma rolagem de carroceria, mas isso, claro, prejudica a dinâmica na cidade. Para isso, podemos elevar um pouco o curso dos amortecedores e deixar que o GPS memorize as situações em que precisamos fazer isso. Acreditem: funciona bem demais.

Esse ajuste de suspensão também ajuda na sensação de conforto. É bem tranquilo utilizar o EQE em nossas ruas ruins e a vida a bordo dele é facilitada pelo ótimo espaço interno. E aqui, diferente do que acontece em outros modelos luxuosos, o tunel central é quase inexistente e três adultos viajam numa boa. As medidas são: são 4,94m de comprimento, 3,12m de entre-eixos, 1,96m de largura e 1,51m de altura.

Para deixar tudo ainda mais agradável há, ainda, climatização quadrizone, bancos em couro perfurado, teto solar panorâmico duplo, sensores de chuva e crepuscular, ajustes elétricos de profundidade e altura do volante, bancos do motorista e passageiro dianteiro com ajustes elétricos e três memórias, faróis matriciais e automáticos, câmera 360º para manobras com visão dianteira e traseira e sensor avançado de estacionamento.

"O Mercedes EQE não é um carro lento, muito pelo contrário. Mas falta, aqui, um desempenho condizente com sua proposta e seu preço."

— Felipe Ribeiro

Design e Acabamento

O Mercedes-Benz EQE 300 pode ser facilmente confundido com o irmão maior EQS, e isso é um mérito inegável. O sedan grande traz esportividade e futurismo na medida certa, sem ser espalhafatoso. A montadora alemã sabe como fazer carros elegantes e, nesse aqui, acertou em cheio. Além disso, o design é um dos responsáveis pela ótima autonomia, já que o coeficiente aerodinâmico desse sedan é de 0,25cx e favorece um rodar que "Corte" o ar com mais facilidade. As rodas gigantescas e escurecidas de aro 21 ajudam a deixar o carro ainda mais atraente.

No interior, a Mercedes trabalhou para deixar tudo no mesmo patamar de qualidade do exterior. O luxo extremo do EQE faz jus ao Classe E e vem com materiais nobres em toda a cabine, desde portas e bancos até o console central, sempre com tudo bem-posicionado e fazendo uma boa conexão visual com a parte tecnológica. O sistema de cromoterapia também está presente no EQE e funciona como em outros modelos da marca alemã.

Concorrentes

Custando mais de R$ 700 mil, o Mercedes-Benz EQE chama para briga carros como o Porsche Taycan , BMW i4 e até a dupla BYD Seal e Han , dependendo do ponto de vista adotado para a comparação com esses carros. Mas, no mercado de modelos elétricos, até mesmo SUVs podem entrar no jogo, como o Audi e-Tron e o Volvo C40 . Os preços, aqui, variam de R$ 300 mil a R$ 800 mil.

Vale a pena comprar o Mercedes-Benz EQE 300?

O Mercedes-Benz EQE 300 é caro e isso certamente deixa o público capaz de ter um desses mais restrito, mas se tivesse um apelo de performance tão bom quando o da sua autonomia, esse sedan elétrico poderia ser muito mais valorizado. No uso diário, claro que vale a pena investir em um, mas o tipo de cliente que quer pagar caro busca mais do que luxo e tecnologia.

O Mercedes-Benz EQE 300 é vendido em versão única por R$ R$ 707.900.

No Canaltech , o Mercedes-Benz EQE 300 foi avaliado graças a uma unidade gentilmente cedida pela Mercedes-Benz Cars & Vans Brasil.

Leia a matéria no Canaltech .

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