Crítica A Killer Paradox | A sorte de um psicopata
André Mello
Crítica A Killer Paradox | A sorte de um psicopata

Sempre que uma produção tenta abordar a história de um psicopata, existe o risco de glorificar demais as suas ações, tornando-os em criaturas simpáticas para o espectador. Quando vi a ideia de A Killer Paradox , nova série sul-coreana de suspense da Netflix , pensei que ela seguiria por esse perigoso caminho.

Tendo como estrela o ator Choi Woo-shik, de Parasita e Nosso Eterno Verão , acreditei que usaria o seu carisma para conta a história de um jovem que acaba cometendo um assassinato por acidente, e acaba se envolvendo uma trama em que evolui para ele como um serial killer perseguido por um detetive.

A série acaba explorando bem mais do que eu esperava, ainda que tome rumos que não são tão interessantes como poderiam ser.

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Serial killer por acaso

Lee Tang tem uma vida ordinária. Após ter saído do exército, não tem a menor noção do que fazer com a sua vida. Não dá atenção aos estudos, trabalha como balconista de meio período e basicamente existe sem grandes pretensões.

Tudo muda quando uma noite, após atender a bêbados no mercadinho onde trabalha, Lee percebe que um está dormindo no chão, enquanto o outro sai cambaleando pelas ruas. Ao tentar ajudá-lo, o jovem acaba tomando uma surra do bebum. Quase que por instinto, Lee Tang pega um martelo que havia emprestado do trabalho e dá uma porrada na cabeça do cidadão, que cai morto.

O jovem entra em pânico e foge, já imaginando as consequências de ter tirado a vida de alguém. Só que a investigação acontece e ele continua solto. Não demora muito para que se descubra que na verdade o bebum matou o amigo e era um serial killer foragido há anos.

Lee Tang parecia livre, mas quando um novo acontecimento faz com que ele mate mais uma pessoa, que se revela alguém que poderia merecer esse fim, as coisas começam a ficar mais interessantes.

Cada nova vítima de Tang parece ser alguém que surge em seu caminho completamente por acaso, mas que no fim das contas, é alguém horrível. Para fãs de animes e mangá, pense em um Death Note , mas que Light não sabe direito que a pessoa é ruim antes de matá-la.

Essa premissa é bem interessante e começa a ficar ainda melhor quando um detetive, interpretado por Son Suk-ku ( Força Bruta ), começa a acreditar que os crimes estão conectados de alguma forma. Isso acaba criando um jogo de gato e rato, que por si só poderia sustentar toda a temporada.

Querendo ser um justiceiro

A primeira parte da temporada de A Killer Paradox ajuda a mostrar um Lee Tang assustado, sem entender direito o que está acontecendo. As mortes que acontecem ao seu redor, causadas por ele próprio, parecem quase acidentais, já que ele não tem qualquer tipo de planejamento.

Só que a história acaba se desenvolvendo para outro lado na segunda metade, com o jovem quase como um profissional, caçando pessoas que cometeram crimes e saíram impunes, eliminando-os com a ajuda de hacker. Confesso que, apesar de a trama prosseguir de um jeito que segura a atenção do espectador, essa mudança não pareceu tão interessante quanto antes.

A premissa inicial se perde, transformando Tang em quase um justiceiro poderoso, sabendo exatamente o que está fazendo, em vez de alguém que, por acaso, acaba matando pessoas horríveis. Ao fazer isso, até mesmo a personalidade do personagem muda e o carisma que o ator Choi Woo-shik demonstra nos primeiros episódios, como um jovem desengonçado e que se desespera com que está acontecendo, se perca completamente.

Não existe uma evolução natural para as coisas, perdendo a oportunidade de explorar mais o lado psicológico do personagem, que passa a se adequar à facilidade que tem de tirar a vida de outra pessoa.

Até mesmo o detetive que lidera a investigação de todo o caso, que já não era apresentado como alguém que você tem vontade de torcer, fica pior nessa segunda metade da história.

Por sorte, como comentado, esses episódios ainda conseguem prender a atenção do público exatamente para você entender para onde aquela história irá. Não chega a ser um problema, mas é inegável que os primeiros cinco episódios de A Killer Paradox são muito melhores que a sua reta final.

Existe um episódio que conta a história de dois jovens que acabam sendo vítimas de Tang, mas que mostra bastante o impacto de suas ações contra uma jovem colegial e seu pai. Em outro, uma jovem que se afasta de todos após ser exposta na internet também acaba se envolvendo com alguém que não deve, cruzando o caminho de Lee.

Esses dois episódios são provavelmente os melhores da temporada e também os mais pesados, tematicamente. São histórias fortes e que funcionam muito bem dentro da série, mostrando o impacto que as pessoas que Tang elimina realmente têm na sociedade. São nesses momentos que A Killer Paradox consegue aproveitar todo o potencial de sua premissa, o que torna aqueles que tentam demais tornar o jovem um justiceiro implacável mais fracos.

No final das contas, a série é mais uma boa produção sul-coreana que chega ao streaming , e que deve agradar bastante não somente aos fãs de Choi Woo-shik, mas também aqueles que gostam de histórias de suspense e investigação.

A Killer Paradox já está disponível na Netflix.

Leia a matéria no Canaltech .

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