Crítica Jogo da Morte | Filme russo não convence mesmo com roteiro atrativo
Diandra Guedes
Crítica Jogo da Morte | Filme russo não convence mesmo com roteiro atrativo

Com quase duas horas de duração, o terror O Jogo da Morte convida o espectador a embarcar em uma saga angustiante, na qual uma adolescente russa tenta descobrir os motivos que levaram a sua irmã caçula a se suicidar. Não demora muito para ela entender que a vítima estava envolvida com o desafio da Baleia Azul , uma brincadeira macabra composta de desafios mórbidos em que a prova final consiste em provocar a própria morte. Com esse roteiro atrativo, o longa até tinha potencial de conquistar o público, mas se perdeu no caminho.

O primeiro erro é visto logo de cara, já na introdução. A impressão que fica é que ele começa do meio para o final. Sem se demorar um pouco em explicar quem era a vítima, quem é a protagonista e muito menos que jogo é esse, o longa joga um tanto de informações na tela como se tivesse ânsia de acabar logo e, assim, não permite que o espectador crie o mínimo de empatia necessária com os personagens para se importar com a história.

Superado isso e entendendo que realmente ficará sem esse contexto, o público até pode fazer um esforço para focar na história, mas será constantemente bombardeado com várias informações mal trabalhadas e com imagens confusas de tela de computador, adolescente surtando e brigas com a mãe.

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Toda a trama gira em torno de Dana, uma jovem que descobre que a morte da sua irmã aconteceu porque ela estava envolvida com a Baleia Azul, o jogo viral que preocupou pais e autoridades anos atrás. A partir daí, ela decide também entrar no jogo — sem contar nada para sua mãe, lógico! — para descobrir quem são os responsáveis por trás dos perfis online.

É claro que a situação sai do controle e ela se vê em apuros, podendo contar apenas com a ajuda do seu amigo virtual Mike, um adolescente que parece saber mais do que deveria. Durante toda a trama, o filme usa a angústia da pressa para fazer o espectador sentir medo. Em alguns momentos, isso funciona bem, já que a contagem dos dias para Dana se matar está correndo. No entanto, na maior parte das vezes, isso tudo chega a ser entediante.

A protagonista toma tantas atitudes estúpidas — como não revelar tudo para a polícia — que a trama soa forçada. Mesmo depois de descobrir os culpados, ela parece querer brincar de detetive ao invés de resolver a situação e, quando o clímax finalmente acontece, soa sem graça por não ser tão surpreendente assim.

A relação dos pais com os perigos da tecnologia

Um dos principais motivos de O Jogo da Morte existir é mostrar a relação dos pais com o uso indiscriminado da tecnologia pelos filhos. Só que parece que o longa esqueceu esse detalhe no meio do caminho.

A mãe de Dana não é ausente, não é relapsa e nem negligencia a vida das filhas, mas é praticamente impossível acreditar em tudo que Dana fala se a menina não mostra provas, não explica bem o que está acontecendo e age como uma louca. Além disso, como a trama é centrada praticamente apenas na relação das duas, esse argumento é enfraquecido e se torna banal.

Por outro lado, uma solução que funcionou bem foi mostrar as mensagens que Dana troca no computador com os amigos e com os hackers em português. Isso facilitou o entendimento da trama, sem ter que abusar das legendas e nem fazer com que ela ficasse lendo em voz alta. Por mais estranho que possa parecer ver uma russa digitar no nosso idioma, o recurso ajudou na fluidez.

Boas ideias nem sempre fazem um bom filme

Mesmo baseado em um argumento interessante e tratando de um assunto importantíssimo, O Jogo da Morte não conseguiu engrenar. Além de mal escrito, o filme é mal montado e tem viradas previsíveis. Vale a pena dar uma chance e tirar suas próprias conclusões, quando ele chegar no streaming , mas não há necessidade de gastar seu dinheiro com a entrada do cinema.

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