Cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e de outros centros de pesquisa dos EUA desenvolvem Inteligência Artificial (IA) que informa quando há risco em misturar duas medicações diferentes. Se usada por médicos no futuro, a ferramenta vai melhorar a eficácia de remédios tomados simultaneamente e deve reduzir o risco de efeitos adversos.
Por enquanto, a IA está restrita ao ambiente de pesquisa, mas os primeiros achados são bastante animadores, conforme aponta estudo publicado na revista científica Nature Biomedical Engineering .
Remédios para não misturar
Entre as descobertas preliminares já compartilhadas, os pesquisadores apontam para a ocorrência de interações medicamentosas entre remédios já conhecidos. No caso do antibiótico doxiciclina, a IA aponta que ele não deve ser tomado junto com:
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- O anticoagulante varfarina;
- O remédio para insuficiência cardíaca digoxina;
- O anticonvulsivante levetiracetam;
- O imunossupressor tacrolimus.
Quando o paciente mistura o antibiótico com algumas dessas medicações, é provável que alguma das fórmulas tenha a eficácia diminuída.
Estas descobertas não devem ser usadas para interromper e nem substituir o tratamento prescrito por médico. Em caso de dúvidas, busque o profissional da saúde que acompanha o seu caso. |
Por que ocorre interação medicamentosa?
Para entender as interações medicamentosas, é preciso compreender como os remédios são absorvidos pelo organismo. Quando são tomados por via oral, como um comprimido, eles vão para o trato digestivo.
As células que revestem o trato gastrointestinal têm proteínas de transporte, e estas é que vão auxiliar a fórmula a sair dali e a chegar no lugar desejado. Entretanto, se dois medicamentos precisarem da mesma via de transporte, eles vão disputar entre si e a quantidade de medicação que será absorvida será menor que a necessária para o tratamento adequado.
O ponto é que, hoje, a compreensão de qual medicação usa determinada proteína é bastante limitada. Por isso, sabe-se pouco sobre esses tipos de interações medicamentosas — isso é bem diferente de saber que um antidepressivo não pode ser tomado com bebidas alcoólicas .
Testando a entrega de medicamentos
No estudo norte-americano, os pesquisadores iniciaram os testes a partir de um experimento envolvendo o tecido intestinal suíno, cultivado em laboratório. Basicamente, a equipe testou, de forma isolada, como cada um de uma lista de 23 medicamentos era absorvido por aquelas células.
Após identificar as proteínas de transporte acionadas, os cientistas treinaram um modelo de aprendizado de máquina com base nesses dados. Dados de outras fontes também foram adicionados.
A partir desse modelo, a equipe analisou um novo conjunto de 28 medicamentos e outros 1,5 mil remédios experimentais (ainda não disponíveis em farmácias). No total, obtiveram quase 2 milhões de previsões de potenciais interações medicamentosas, sendo que estas deveriam ser evitadas. É o caso do antibiótico com as outras quatro medicações já citadas.
Em um pequeno experimento com pacientes dos EUA, os cientistas afirmam ter comprovado que o uso de doxiciclina com varfarina, digoxina, levetiracetam ou tacrolimus atrapalham o processo de absorção.
Agora, mais estudos de checagem são necessários. Além disso, a equipe aposta que a nova IA pode ajudar no processo de desenvolvimento de novos medicamentos, capazes de usar vias de transporte pouco usadas pelos fármacos atuais.
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