Miniórgãos são criados com células do líquido amniótico humano
Fidel Forato
Miniórgãos são criados com células do líquido amniótico humano

Pela primeira vez, uma equipe internacional de cientistas usou células do líquido amniótico, o líquido que envolve o embrião no útero da mãe, para gerar “miniórgãos” em laboratório, como rins, intestinos e pulmões. O desenvolvimento dos organoides pode alertar para possíveis doenças congênitas no feto, o que viabiliza o diagnóstico e o tratamento precoce.

Até então, os cientistas não tinham encontrado uma forma de criar organoides a partir do material celular de fetos em desenvolvimento. Esses aglomerados de células, semelhantes a órgãos, eram somente poderiam ser gerados em casos de biópsias, com amostras de tecido, como os minicérebros .

Uso de células do líquido amniótico

Publicado na revista científica Nature Medicine , o estudo dos miniórgãos envolveu o recrutamento de 12 gestantes. Estas mulheres realizaram um exame pré-natal, conhecido como amniocentese, o que permitiu a coleta do líquido amniótico, entre a 16ª e a 34ª semana de gestação.

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Como existem diferentes tipos de células, como células-tronco epiteliais e células do sistema imunológico, além de outros materiais, o líquido foi analisado em laboratório.

Assim, foi possível filtrar as células-tronco epiteliais necessárias para a criação dos organoides, e estas foram transferidas para um novo recipiente, onde cresceram e se multiplicaram por 4 semanas. No fim do processo, os cientistas tinham, em mãos, pequenos rins, pulmões e intestino, emulando os órgãos de fetos. Eles mediam até um milímetro de diâmetro.

Diferente das técnicas tradicionais para a criação de organoides, onde células "adultas" são convertidas em células-tronco, o processo com as células epiteliais foi mais simples, já que não há necessidade de reprogramação e nem manipulação.

Por que construir "miniorgãos"?

Por trás da criação dos miniórgãos, está a ideia de diagnosticar doenças congênitas. Afinal, as células epiteliais do pulmão vão se desenvolver da mesma forma no feto e no experimento. Se algum problema ocorrer, ele tende a acontecer nas duas situações.

Inclusive, uma das organoides do pulmão foi induzida a desenvolver um quadro de hérnia diafragmática, doença rara que impede o desenvolvimento fetal. Através do modelo criado, a equipe conseguiu confirmar que o minipulmão adquire as mesmas características de pulmões em fetos com a doença, o que valida a possibilidade do diagnóstico.

Por enquanto, não há estimativas de quando a técnica pode chegar nos consultórios médicos e ajudar no diagnóstico de doenças raras . Mais estudos ainda são necessários.

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