Crítica O Regime | Kate Winslet brilha em minissérie apagada
André Mello
Crítica O Regime | Kate Winslet brilha em minissérie apagada

Existem produções que têm tudo para dar certo. Partem de uma ideia bastante interessante, atraem diretores e produtores com ótimos currículos, um excelente elenco e partem para a gravação. Só que, em algum momento, aquilo que poderia ser maravilhoso acaba sendo apenas ok. Em alguns casos, chega a ser desastroso.

O Regime , produção da HBO estrelada Kate Winslet ( Mare of Easttown ) surge como um exemplo dessas produções, em que todos os elementos conspiram ao seu favor, mas quando você assiste, sente algo inesperado: indiferença.

Uma chanceler perdida no cargo

O Regime gira em torno da chanceler Elena Vernham, a líder de um governo autoritário de um país da Europa que nunca tem seu nome mencionado na série. Ela é mimada, tem surtos neuróticos e vive fechada dentro de um antigo hotel de luxo que foi transformado em palácio. Elena é cercada por conselheiros e funcionários horríveis, falando com a nação de maneira que beira a desconexão com a realidade.

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É nesse cenário que conhecemos Herbert Zubak, o Açougueiro, um militar que foi rebaixado e acaba trabalhando dentro do palácio, procurando pontos de mofo e possível envenenamento pelo lugar. Zubak e Elena acabam se aproximando, principalmente após o militar acabar com uma tentativa de assassinato contra a chanceler.

Desse acontecimento, surge um relacionamento entre os dois, com Zubak se tornando o conselheiro oficial de Elena e seu amante. Aos poucos, Zubak começa a direcionar a chanceler a tomar atitudes que ele acredita serem as melhores para o povo.

Interpretado por Matthias Schoenaerts ( The Old Guard ), é possível notar o quanto o ator tenta trazer mais camadas para o personagem, por mais que o roteiro não colabore tanto para que ele consiga fazer isso do jeito mais eficaz.

O elenco em si parece não conseguir transitar muito bem entre a comédia e o drama, vide que a série consegue ser apenas absurda e forçada. Existem situações que não fazem sentido, não são engraçadas e chegam a questionar a inteligência dos espectadores.

É possível notar um esforço de Kate Winslet no papel principal da série, já que sua Elena é uma pessoa claramente despreparada para o cargo que ocupa, com vários problemas em sua criação e que não tem noção dos efeitos de suas decisões em uma nação, agindo de maneira bastante egoísta.

Esse retrato chega a entrar na ideia da sátira que O Regime se propõe a ser, mas o resto dos personagens e as situações que eles se envolvem beiram o ridículo, afastando a crítica que a produção deseja fazer.

Começar correndo para terminar caindo

Com seis episódios, O Regime tem um começo interessante, ainda que já apresente vários dos seus problemas. Com os primeiros capítulos quase que inteiramente se passando dentro do palácio, a apresentação de Elena e a introdução de Zubak na trama fazem com que se acredite que a história vai seguir um rumo diferente da escolhida pelo seu criador Will Tracy, de O Menu .

Conforme a trama vai se tornando cada vez mais sombria, o que poderia ajudar bastante na ideia da sátira desse governo autoritário, tudo é feito de maneira bastante genérica e sem alma, sem levar em consideração como o mundo poderia se comportar frente a um país com uma liderança como a da personagem principal.

Ao tentar colocar boa parte da culpa de tudo o que acontece nas decisões tomadas por Elena, a história deixa de lado elementos importantes, como a influência de nações como os Estados Unidos e da Europa, que lucram com esse desequilíbrio político em países ao redor do mundo.

Ao final da minissérie, a sensação que fica, como falamos no início, é de indiferença. A maioria dos personagens acabam merecendo o destino que recebem, a trama chega a uma conclusão que não emociona, não revolta e beira não entreter, mesmo com a boa atuação de Kate Winslet.

Em meio a decisões equivocadas tomadas por Elena Vernham, a maneira como a história é desenvolvida desagrada, ainda por ser muito simples notar que poderia ter tido uma abordagem diferente e ser bem mais interessante.

A ideia de vender uma sátira que não funciona muito bem desperdiça vários talentos, em uma série que termina com você torcendo para que o povo dessa nação sem nome tome o poder de alguma forma e acabe com tudo isso.

O Regime está disponível na Max.

Leia a matéria no Canaltech .

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