A tragédia da vida de Jake Lloyd, o ator que fez o jovem Anakin
Felipe Demartini
A tragédia da vida de Jake Lloyd, o ator que fez o jovem Anakin

A triste história do ator Jake Lloyd voltou às manchetes nesta semana, às vésperas do aniversário de 25 anos de Star Wars Episódio I: A Ameaça Fantasma . O motivo foi uma entrevista da mãe do ator, que interpretou Anakin Skywalker ainda criança, e algumas revelações sobre a luta dele contra questões de saúde mental e o ódio que recebeu em uma época na qual a internet ainda era um fiapo do que conhecemos hoje.

Ao contrário do que muita gente especula, Lisa Lloyd afirmou que não foi esse o motivo que levou seu filho a se afastar da mídia após seu grande papel de estreia. Pelo contrário, ela descreve Jake como um fã inveterado de Star Wars , desde criança, que tem Ahsoka como sua personagem preferida das histórias recentes. Eles assistiram juntos aos episódios da série e uma action figure da personagem principal foi seu presente de aniversário de 35 anos, comemorado em 5 de março.

Seus problemas, porém, são bem mais graves do que aqueles enfrentados em uma galáxia muito, muito distante. Além de um diagnóstico de esquizofrenia, o qual Lloyd foi capaz de entender e passar a controlar apenas recentemente, tragédias familiares também abalaram o jovem ator que, na época, chegou a ser protegido da enxurrada de críticas sobre a Nova Trilogia de Star Wars .

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Atenção: o texto aborda questões de saúde mental e pode conter gatilhos.

Estreia no cinema, turbulência em casa

Em entrevista ao site Scripps News, concedida com o consentimento do filho, Lisa Lloyd afirmou que, enquanto a internet “fervia” com comentários negativos sobre Episódio I , Jar Jar Binks e o início da Nova Trilogia, Jake brincava no quintal de casa com amigos da mesma faixa de idade. Segundo ela, o garoto não sabia de nada e, menos ainda, se importava; estava feliz de fazer parte da saga enquanto vivia uma infância tradicional. Era uma época em que a internet ainda engatinhava e o ódio das redes sociais ainda não existia.

Ela até admite que, na escola, o garoto chegou a sofrer bullying por conta de sua participação no longa, mas que na maior parte do tempo, seus amigos estavam felizes de o ver na telona, em meio a batalhas espaciais e lutas de sabre de luz. Durante todo o papo, ela deixou claro que Jake não abandonou o cinema por causa de Star Wars e que isso, na verdade, incomoda aos dois quando é ventilado na mídia como o motivo para seu sumiço dos holofotes.

Os problemas começaram, afirmou ela, com o divórcio complicado dos pais, que entristeceu o garoto e o fez não dar tanta importância para testes e convites para novos papéis após a estreia do Episódio I . Ele seguiu estudando, enquanto os primeiros sinais da doença que o acompanharia durante toda a vida apareceram no ensino médio.

Entre questionamentos sobre a própria realidade e um diagnóstico de bipolaridade , Jake Lloyd se formou e entrou para o Columbia College de Chicago. A felicidade de ser aceito em uma das mais conhecidas instituições privadas de ensino de arte dos EUA, porém, durou pouco; ele começou a faltar às aulas enquanto dizia estar sendo perseguido por figuras de olhos pretos.

Segundo a mãe, Jake não falava sobre o assunto, mas já ouvia vozes naquela ocasião, com direito a revelações posteriores de que era capaz de conversar com o apresentador Jon Stewart através da televisão. Os problemas o levaram a abandonar a faculdade um ano e meio depois, voltando a morar com a mãe em sua casa de infância, na cidade de Indianapolis.

Tormento genético

Apesar de estar passando por problemas, Lisa descreve o filho como alguém extremamente consciente. Tanto que o diagnóstico de esquizofrenia paranoica , recebido em 2008, o levou a uma depressão severa enquanto ele entrava em negação sobre os próprios sintomas. A condição faz parte da literatura médica sobre o assunto e é conhecida como anosognosia, e é um reconhecido dificultador do tratamento.

Lisa volta ao tema Star Wars ao apontar que o pai de Jake Lloyd também lutava contra a esquizofrenia, uma condição que pode ter raízes genéticas . Para ela, era algo fadado a acontecer, e se o último papel dele não tivesse sido em A Ameaça Fantasma , seria em outro filme posterior, novamente, sem relação com a onda de críticas recebida após a estreia do prequel.

Começava aqui uma etapa de sofrimento que acabou trazendo Jake Lloyd de volta à mídia, mas não como o garoto de Tatooine que deveria trazer equilíbrio à Força. Em 2015, ele foi acusado de agredir a própria mãe e, dois anos depois, teve sua mugshot estampada em toda a imprensa, após ser preso durante uma viagem que estava fazendo sozinho ao Canadá.

A polícia o acionou depois que ele furou o sinal vermelho e o que se seguiu foi uma perseguição em alta velocidade por diferentes cidades do interior dos EUA. Jake não tinha habilitação e foi acusado de dirigir perigosamente e resistir à prisão, passando 10 meses preso enquanto recusava ajuda da família e até o pagamento de uma fiança no valor de US$ 10,7 mil.

Em ambos os casos, Lisa alegou que ele estava se recusando a tomar os remédios, o que levava aos episódios violentos e inconsequentes. Durante o tempo em que o filho passou atrás das grades, ela tentava se comunicar com ele por cartas e cartões postais, enquanto tentava argumentar com as autoridades para que dessem os medicamentos a ele.

Quando Jake finalmente respondeu aos chamados da mãe, acabou sendo transferido para um hospital e, depois, para a Califórnia. Porém, uma perda terrível viria para balançar ainda mais o emocional do ator.

Uma tragédia e o caminho da reabilitação

Junto da mãe, uma das principais figuras do círculo de suporte de Jake era a irmã, Madison Lloyd. Eles eram próximos desde a infância e ela, inclusive, havia feito uma ponta na cena final de Star Wars Episódio I ao lado dele. Em 2018, aos 26 anos, ela morreu de causas naturais enquanto dormia.

Segundo Lisa, o filho passou anos sem falar da perda da irmã, se limitando apenas a comentar, de vez em quando, o quanto sentia a falta dela. A mãe sabia que ele não estava lidando bem com a ausência e, entre momentos melhores e piores, veio mais um surto, em março do ano passado, quando Jake desligou o carro em movimento, enquanto ela dirigia, no meio de uma autoestrada.

Ele falava de forma incompreensível quando abordado pela polícia, mas acabou aceitando ajuda e foi internado em uma clínica de reabilitação. Ele permanece lá até hoje, com um tratamento que vem progredindo bem, segundo a mãe. A expectativa é que ele volte para casa em meados do segundo semestre deste ano como “o velho Jake”, nas palavras dela.

Lisa, porém, sabe que ainda há um longo caminho a seguir. A rota, inclusive, passa longe de pensar em um retorno à atuação e principalmente, a Star Wars . Quando perguntada se Jake Lloyd poderia seguir o mesmo caminho de Hayden Christensen ( Jumper ), também criticado pela sua atuação como Anakin no passado para retornar às produções recentes da série nos braços do povo , a mãe dispensa especulações, afirmando que isso não está nos planos.

Porém, ela conta que ele gosta de vestir camisetas temáticas da franquia e se mostra feliz quando é reconhecido pelo público por seu papel. E é justamente isso que ela afirma desejar, que ele viva uma vida plena e calma, com boa saúde e trilhando o caminho que desejar.

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