Para reduzir o risco de câncer ao longo da vida, casais que realizam a fertilização in vitro podem fazer a seleção genética dos embriões. A medida é indicada para os pais com predisposição genética para a doença, o que pode ser avaliado através de testes genéticos.
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De forma mais simples, se a mãe da futura criança tem uma mutação no gene BRCA1 que aumenta o risco para o câncer de mama, ela poderá transmitir esse gene (e a probabilidade do risco) para os filhos. A estratégia de seleção de embriões deve eliminar a probabilidade da criança nascer com o gene, em questão.
Por muitos anos, os indivíduos com o risco aumentado de câncer por causa hereditária não tinham muito o que fazer, e esta é uma nova possibilidade para alguns — fertilizações in vitro e testes genéticos não são acessíveis para todos e nem estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).
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Hoje, os testes genéticos são mais indicados para casais que já têm histórico familiar de câncer hereditário — por exemplo, cerca de 5% a 10% dos casos de câncer de mama têm origem hereditária, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Como é a seleção de embriões?
A seleção de embriões pode ser feita após o teste genético, caso os resultados apontem para a ocorrência de genes com potencial de provocar câncer. Nestas circunstâncias, os embriões vão ser analisados e selecionados.
Somente aqueles embriões que não carregam o gene responsável por aumentar o risco de câncer são implantados no útero da mulher. Fora essa etapa prévia, toda a gravidez transcorre de forma normal.
No Brasil, a seleção de embriões é um processo regulamentado e respaldado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Segundo José Bines, médico oncologista da Oncologia D’Or, não há problemas éticos no procedimento.
Genes e câncer hereditário
Aproximadamente 100 genes já foram mapeados no DNA com associação ao aumento de predisposição hereditária a determinados tipos de tumor. No caso dos cânceres de mama e ovário, o risco está relacionado a mutações genéticas nos genes BRCA1 e BRCA21.
O conjunto de alterações genéticas familiares conhecido por síndrome de Lynch2 aumenta a predisposição para o câncer de cólon, útero, estômago, intestino delgado e pelve renal.
Além disso, outras mutações genéticas conhecidas podem ampliar a probabilidade de câncer no pâncreas, próstata, melanoma e tireoide.
Risco do câncer de mama
Por ano, são estimados 73,6 mil novos casos de câncer de mama no Brasil. Embora a idade (mais de 50 anos) seja o principal fator de risco, as condições genéticas e hereditárias aumentam também as chances.
Em quem tem predisposição genética para o câncer de mama, a doença pode se manifestar mais cedo, antes dos 50 anos. “Outra particularidade [desses casos] é o surgimento de tumores nas duas mamas ou mais de um tumor por mama”, afirma Rodrigo Guindalini, oncologista clínico da Oncologia D’Or.
Teste genético para todos
O teste genético para predisposição hereditária do câncer está se tornando mais comum no país, mas ainda é subutilizado quando se compara o uso com o de outros países.
No caso do SUS, ele não está disponível — ocorre apenas um experimento com a implementação de testes genéticos para a detecção de doenças raras . Mesmo nas clínicas particulares, esses exames não são muito populares, por falta de treinamento dos profissionais de saúde.
Além de fazer o teste, é fundamental que os resultados sejam interpretados de forma correta, o que pode ser feito por médicos geneticistas clínicos e oncologistas clínicos especializados em genética.
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