Biblioteca de Harvard dá fim à livro feito com pele humana
Fidel Forato
Biblioteca de Harvard dá fim à livro feito com pele humana

Nos Estados Unidos, as prateleiras da Biblioteca da Universidade Harvard "escondiam" um bizarro livro. A publicação era estranha não pelo seu conteúdo, mas pelo material usado na encadernação: pele humana , obtida sem nenhum consentimento em vida ou dos familiares. A obra feria inúmeros princípios éticos e, por isso, a capa encadernada com pele humana foi removida, por uma equipe de especialistas.

Pouco antes deste livro se tornar alvo de polêmica, o exemplar da obra Des destinées de l'âme , escrita pelo romancista français Arsène Houssaye, nos anos de 1880, podia ser consultada por qualquer interessado na Biblioteca Houghton, em Harvard.

No entanto, os críticos alegavam que o livro encadernado com pele humana violava inúmeros princípios éticos e não respeitava os direitos humanos. Após uma revisão interna de um comitê de Harvard sobre os restos humanos dentro das coleções da universidade, confirmou-se que era preciso dar um fim digno a essa história.

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Após remover a encadernação feita com pele humana neste mês, a equipe da biblioteca está conduzindo pesquisas biográficas sobre a origem do livro. Além disso, busca uma maneira de, respeitosamente, "enterrar" os restos mortais da paciente anônima, que era francesa.

História do livro feito com pele humana

O livro feito com pele humana está no acervo da Universidade Harvard desde o ano de 1934, quando foi incorporado após uma doação. Mas as reais origens da bizarra obra são mais antigas e estão conectadas com a França.

Segundo a história conhecida, o próprio autor Houssaye entregou uma cópia do seu texto para o médico e bibliófilo francês Ludovic Bouland, nos anos 1880. Para encadernar a obra, Bouland supostamente usou a pele que retirou sem consentimento do corpo de uma paciente falecida em um hospital onde trabalhou — muito provavelmente, era um hospital psiquiátrico francês.

Inclusive, há uma nota escrita, feita pelo próprio Bouland no volume, que confirma a procedência macabra: “um livro sobre a alma humana merecia ter uma cobertura humana”.

A encadernação realmente foi feita com pele humana?

A história por trás do livro proibido de Harvard gera muitas suspeitas, afinal é assustador pensar em alguém usando a pele humana para encadernar algo. Tanto é que alguns céticos até duvidavam da narrativa, sugerindo que pudesse ser uma fraude.

Para entender as reais origens do material, em 2014, o tecido usado na capa do livro passou pela análise da impressão digital de massas peptídicas, onde foi realmente confirmada a origem humana daquele material.

Pedido de desculpas da Biblioteca de Harvard

"A Biblioteca de Harvard reconhece falhas passadas na administração do livro que objetivaram e comprometeram ainda mais a dignidade do ser humano cujos restos mortais foram usados ​​para sua encadernação”, afirma a entidade, em nota. “Pedimos desculpas às pessoas afetadas negativamente por essas ações”, acrescenta.

Por enquanto, ainda não se sabe quando e nem para onde os restos mortais da mulher serão enviados. Não há um prazo oficial para a conclusão dos procedimentos, que podem levar alguns meses ainda.

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