Netflix é acusada de usar inteligência artificial em documentário true crime
Paulinha Alves
Netflix é acusada de usar inteligência artificial em documentário true crime

O que Jennifer Fez? , documentário true crime da Netflix lançado na última quarta-feira (10), está dando o que falar. Atualmente em quarto lugar no ranking brasileiro de séries mais vistas do streaming , ele foi acusado de usar imagens criadas ou manipuladas por inteligência artificial para ilustrar fotos de uma pessoa real envolvida em uma trama de assassinato.

Escrito e dirigido por Jenny Popplewell, o documentário conta história de Jennifer Pan, uma jovem canadense que, em novembro de 2010, ligou para a emergência dos EUA srelatando ter tido sua casa invidada por homens armados. Na ligação feita para o 911, a jovem pedia socorro para seus pais, que haviam sido alvejados pelos invasores e precisavam de ajuda médica.

Investigado pela polícia, o caso apresentou uma série de inconsistências desde o início, levando as autoridades a desconfiarem de Jennifer e de sua versão do assalto. Uma situação que piorou com os inacreditáveis desdobramentos da história e com as provas fornecidas pelo pai da jovem, que conseguiu sobreviver e acordar do coma, mudando todo o rumo da investigação.

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Documentário teria fotos com IA

Com pouco menos de 1h30 de duração, o documentário da Netflix reconstrói a história do caso e do que realmente aconteceu naquela noite, usando em um determinado momento fotos de Jennifer para retratar sua personalidade "alegre, feliz, confiante e muito genuína".

De acordo com o site Futurism, no entanto, essas imagens não são reais, possuindo todas as características de fotos geradas por inteligência artificial.

Como apontado pelo texto, há vários detalhes que revelam essa manipulação, como os dentes desalinhados, as orelhas deformadas e até mesmo as mãos e dedos mutilados que a jovem não tem na realidade. Além disso, em uma das imagens, há vários objetos que aparecem no fundo da cena e estão sem definição, sendo impossível identificar com clareza o que eles realmente são — uma mistura bastante típica de IA.

O possível uso de inteligência artificial nessa imagens, para além de alimentar o debate sobre o limite das manipulações digitais em séries e longa-metragens, ganha aqui um contexto ainda mais problemático por se tratar de um documentário de um crime real, que se propõe a reconstruir os fatos de uma história verídica.

Ainda que as possíveis fotos manipuladas sejam imagens de Jennifer em seu dia a dia e não tenham ligação direta com a investigação, elas ajudam o telespectador a assumir que a jovem possui um determinado tipo de personalidade. Algo bastante tendencioso, especialmente por se tratar de uma pessoa atualmente presa, em processo de apelação, que estará elegível para liberdade condicional apenas em 2040.

Embora a utilização de IA e suas implicações para a indústria seja um dos temas atualmente mais recorrentes no cinema, leis específicas sobre o uso da tecnologia e os limites desse tipo de manipulação ainda não foram promulgadas.

O que Jennifer Fez? está disponível na Netflix.

Leia a matéria no Canaltech .

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