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Desde o primeiro uso das bombas atômicas pela humanidade, em 1945, no Japão, e do acidente nuclear de Chernobyl , na Ucrânia, em 1985, os efeitos da radiação têm permeado o imaginário popular e se infiltrado na cultura pop através de diversas obras, de Godzilla ao mais recente Fallout , série da Amazon Prime baseada em videogames da década de 1990. Mas como seriam os reais efeitos da radiação? Nada como os necróticos do programa de TV.
Ao Science Focus , da BBC , o biólogo Timothy Mousseau contou mais sobre os efeitos da radioatividade nos seres vivos — ele passou 25 anos estudando ecossistemas de sítios afetados por desastres nucleares, como Chernobyl, Fukushima e locais de teste de bombas, como o estado americano do Novo México.
Efeitos negativos da radiação
Em geral, Mousseau afirma que ao menos uma coisa a cultura pop acerta: os efeitos radioativos geralmente são ruins, mesmo que a maioria seja invenção das obras de ficção. Em desastres nucleares e explosões, radiação ionizante é liberada, quebrando cadeias de DNA ou as alterando. Esses “erros de escrita” no código genético podem levar a mutações.
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A maioria das mutações, de acordo com o biólogo, é inofensiva, já que afeta partes do genoma onde reescrever o DNA não produz efeito algum. Quando as mutações são grandes, no entanto, o organismo é afetado de forma tão severa que acaba morrendo rapidamente. Efeitos comuns vão de catarata precoce a câncer, por exemplo.
Uma dose média, no entanto, pode acabar não matando um organismo, mas ainda assim gera efeitos como dedos extras, protuberâncias anormais na pele ou assimetrias — onde um braço, uma pata ou uma asa crescem mais do que a outra.
Em sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, em 1945, houve vários casos de microcefalia , onde o embrião danificado nasce com uma cabeça menor do que o normal. Em 2011, havia ao menos 22 pacientes de “Microcefalia da Bomba A”, segundo o Ministério da Saúde japonês.
Nos animais, geralmente as mutações mudam sua coloração, deixando os pássaros mais cinzentos e menos coloridos, por exemplo — nada de criaturas brilhantes, como na ficção. As plantas também são afetadas, já que o solo recebe a maior parte da radiação.
Na zona de exclusão de Chernobyl , as árvores ficaram avermelhadas, ganhando o apelido de “Floresta Vermelha”. Ela foi cortada pelo governo para evitar a liberação de radiação por eventuais incêndios florestais.
Há efeitos positivos da radiação?
Mousseau descarta a possibilidade de superpoderes pela exposição à radiação , como vida longa ou superforça, mas nem todos os efeitos são necessariamente ruins. Em experimentos, cientistas já bombardearam flores com radiação para induzir mutações — uma a cada 10.000 plantas acabava tendo uma vantagem, como uma produção maior ou resistência acentuada a insetos.
Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica, órgão das Nações Unidas, cerca de 3.200 variedades de plantas mutadas já foram desenvolvidas, como trigo, bananas, feijões, pimentas, alho e sorgo. Um projeto da agência pretende desenvolver pés de café resistentes a fungos para melhorar o rendimento de plantações, por exemplo.
Na natureza, isso também pode ocorrer: um estudo de 2022 descobriu que as rãs de Chernobyl são 44% mais escuras, em média, por conta da melanina. Esse pigmento natural protege da radiação ao produzir radicais livres que reduzem o estresse oxidativo da radiação ionizante.
Rãs mais claras morreram ao não suportar o desastre, deixando apenas as mais escuras, que evoluíram e sobreviveram nas décadas seguintes. Isso, no entanto, é a exceção — Mousseau lembra que a maioria das mutações benéficas já foram selecionadas pela natureza, então, quando a radiação surge, mutações novas geralmente serão negativas. A chance delas surgirem é muito baixa.
Leia a matéria no Canaltech .
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