Enchente no RS pode causar surto de leptospirose e dengue
Nathan Vieira
Enchente no RS pode causar surto de leptospirose e dengue

No último levantamento feito pela Defesa Civil, o número de mortes causadas pela catástrofe climática no Rio Grande do Sul chegou a 147. No entanto, a preocupação que se estabelece é que as sérias consequências da enchente no RS não parem por aí e envolvam surtos de doenças como leptospirose e dengue.

A enchente traz à tona animais como ratos e baratas , e a leptospirose pode ser transmitida por meio da água contaminada pela urina de animais infectados.

Leptospirose é uma doença infecciosa causada pela bactéria do gênero Leptospira , e os sintomas geralmente aparecem cerca de uma ou duas semanas após a exposição. Os sintomas mais comuns incluem febre, calafrios, dores musculares, dor de cabeça, náuseas, diarreia e sangramento das gengivas ou do nariz.

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Em alguns casos, a leptospirose pode progredir para uma forma mais grave, levando a complicações sérias que podem resultar em morte.

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) diz que cerca de 15% dos pacientes que desenvolvem leptospirose evoluem com manifestações clínicas graves e que a zoonose é endêmica no Brasil e no Rio Grande do Sul, mas se torna epidêmica em períodos chuvosos.

Surto de leptospirose

Um dos surtos mais memoráveis de leptospirose aconteceu em 1941, nos Estados Unidos (Baltimore, Maryland). O surto começou com a exposição das pessoas à água contaminada por esgoto, e foi grave devido às inundações que ocorreram na área na época, o que aumentou a exposição das pessoas à água contaminada.

O surto de 1941 em Baltimore serviu como um lembrete da importância da saúde pública e da necessidade de medidas preventivas para controlar doenças infecciosas transmitidas pela água.

Como a água da enchente se junta ao esgoto — que, por sua vez, possui fezes humanas e não humanas — tudo o que pode ser transmitido por meio de esgoto faz parte dessa água.

Em entrevista anterior ao Canaltech , o dr. Ricardo Kores (infectologista) informou que só a pele não protege em caso de contato com a água suja, uma vez que causa pequenas descamações e facilita a propagação de bactérias. Ferimentos também servem como portas de entrada para as infecções.

Por isso, dr. Kores recomenda se proteger ao entrar em contato com a água da enchente , dando prioridades a roupas impermeáveis, calças compridas, botas e luvas. Também é recomendado tomar cuidado com a água que se está bebendo (a água deve ser filtrada e depois fervida ou filtrada e tratada) e com os alimentos.

Prevenção para leptospirose

Diante disso, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) fez uma nota em que recomenda a quimioprofilaxia — mas com avaliação médica, sem automedicação — contra a leptospirose para pessoas que estiveram expostas à água de enchente por período prolongado: tanto moradores quanto voluntários de resgate.

A quimioprofilaxia é uma estratégia de prevenção que envolve o uso de medicamentos para reduzir o risco de infecção.

A medida tem como base um guia de tratamento publicado pela Organização Mundial da Saúde em 2003, apontando que a profilaxia com antimicrobianos pode ser realizada em situações de alto risco como é a que o RS presencia.

Surto de dengue

Outra preocupação é que a enchente deixa a água parada, e isso pode levar a um aumento de dengue no Rio Grande do Sul. Áreas inundadas criam condições favoráveis para a proliferação de mosquitos Aedes aegypti , que transmitem o vírus da dengue.

Isso porque essas áreas também podem conter uma grande quantidade de recipientes, como pneus, garrafas, latas e vasos, que se tornam potenciais criadouros para os mosquitos depositarem seus ovos. Com mais criadouros disponíveis, há um aumento na população de mosquitos.

Em meio a essa situação da enchente no RS, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) fez um alerta para que a população tome vacina contra a gripe (influenza) e covid-19, que protegem contra infecções respiratórias.

Leia a matéria no Canaltech .

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