Pensamentos intrusivos | Dá para controlar ideias perturbadoras?
Nathan Vieira
Pensamentos intrusivos | Dá para controlar ideias perturbadoras?

"E se eu surtar e brigar com meu chefe e perder meu emprego?". Se você já questionou isso e ainda sofreu por antecipação com medo das suas próprias possíveis ações, você está provavelmente cercado por pensamentos intrusivos. Indesejadas e muitas vezes perturbadoras, essas ideias surgem na mente de forma involuntária, mas logo se dissipam.

O termo ganhou popularidade nas redes sociais, principalmente no Instagram e no TikTok . É aquele tipo de coisa que pensamos que só nós temos, e depois descobrimos que é mais comum do que imaginamos.

Os pensamentos intrusivos envolvem um ímpeto de algo absurdo, que você nunca faria em sã consciência, por isso se assusta só de cogitar essa ideia. Eles "brotam" na nossa mente de maneira tão abrupta que sobrepõem qualquer outro pensamento mais razoável, e insistem em nos atormentar. Até que, de repente, desaparecem.

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O Canaltech conversou com o psicólogo Yuri Busin — mestre e doutor em Neurociência do Comportamento —, que relator que os pensamentos intrusivos são difíceis de controlar: "Ideias, imagens, impulsos que invadem a nossa mente do nada. Geralmente, são desconfortáveis e tem muita angústia envolvida".

Pensamento intrusivo vem da ansiedade

Muita gente se pergunta o motivo de pensar tantas coisas negativas e sem sentido com tanta frequência. Sobre isso, o especialista revela que o pensamento intrusivo costuma estar vinculado a um tipo de medo ou ansiedade . "Uma das causas desse pensamento tem a ver com a ansiedade — processo de medo muito intenso de algo — é o receio de 'e se aquilo der errado?'. E eles ficam entrando o tempo todo por serem pensamentos mais fortes e difíceis de controlar".

Outro ponto para levar em consideração é que o pensamento intrusivo também pode estar atrelado a algum trauma, que a pessoa fica o tempo todo relembrando, como acontece no estresse pós-traumático , ou em algum trauma de infância.

Conforme explica o psicólogo, a ideia é entender esses pensamentos, e principalmente: ter em mente que eles não são realistas. É necessário "diferenciar o que é realidade do que não é. No que a gente pode se apoiar e o que são apenas pensamentos. Os pensamentos não são fatos", relembra.

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Mas vale ficar alerta e tomar cuidado: esses pensamentos tomam uma proporção preocupante quando causam grande sofrimento. "Pensamentos intrusivos acontecem naturalmente, ao longo da vida. A gente fica ansioso. O ponto é o quanto eles começam a mexer com você", informa Busin. Aquela ideia passa a ser um tormento, a ponto de deixar a pessoa incomodada, afetando suas ações, suas relações e seu dia a dia.

O especialista ensina a identificar esse padrão a partir de uma breve reflexão: "Você fica muitas horas pensando sobre coisas que não aconteceram? Fica sofrendo muito? Qual é o nível de sofrimento e perda do seu próprio eu em cima desses pensamentos? O quanto isso está te impedindo em relação à vida?". Caso você identifique que está obcecado com uma ideia que insiste em acabar com seu sossego, é hora de buscar ajuda profissional.

Como controlar os pensamentos intrusivos?

O êxito em evitar pensamentos indesejados ainda é um campo abstrato e complexo, acompanhado há anos pela ciência. Por enquanto, não sabemos exatamente se tem como evitá-los por mera boa vontade.

Mas as dicas de como controlar os pensamentos intrusivos envolvem técnicas de meditação e relaxamento, e alguns casos mais complexos podem exigir o uso de medicação para "dissolver um pouco esses pensamentos e ter facilidade de controle sobre eles".

De modo geral, a principal dica é procurar um psicólogo e fazer terapia cognitivo-comportamental, que permite identificar o padrão desses pensamentos e situações que normalmente geram ansiedade.

Essa forma de psicoterapia se concentra em identificar e mudar padrões de pensamento e comportamento negativos ou disfuncionais, e é baseada na ideia de que nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos estão interligados e que, ao promover mudanças, podemos influenciar positivamente nossos sentimentos e melhorar nossa saúde mental.

Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) aponta que os pensamentos intrusivos têm sua origem no subconsciente e por isso aparecem de forma tão aleatória. Além da busca por terapias, os pesquisadores sugerem outros canais de expressão, como a criação de ilustrações, produções artísticas ou manifestação criativa. Assim se torna possível "abordar, confrontar, canalizar e reestruturar" esses padrões de pensamento.

Leia a matéria no Canaltech .

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