Crimes Cibernéticos
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Crimes Cibernéticos


Mais de 5 bilhões de pessoas no mundo estão conectadas à internet. A expectativa é que 90% da população mundial esteja conectada até 2030. O Brasil é o 5º país com mais usuários ativos, tornando-se o 1º da América Latina. Computadores, tablets, smartphones e assistentes pessoais, qualquer coisa com conexão, é atacada todos os dias.

Com o desenvolvimento da tecnologia nos últimos anos, especialmente durante a pandemia da COVID-19, houve um crescimento significativo dos crimes cibernéticos no Brasil e no mundo. Os criminosos migraram para plataformas virtuais, pois encontraram formas mais fáceis e menos arriscadas de cometer crimes. Antes, compravam armas para assaltar e hoje, compram e-mails ou número de telefones para burlar o sistema.


Os riscos atuais de segurança cibernética englobam exposição e modificação de dados, ataques a sistemas bancários e tentativas de negar responsabilidades. Celular clonado, boleto falso, fraude bancária, sites fraudulentos, sequestro de dados, golpes do Pix entre outros são as queixas que as delegacias especializadas mais recebem nesse cenário virtual.

Crimes virtuais contra o cidadão:

Conversei com o Dr. Carlos Afonso, delegado da Divisão de Crimes Cibernéticos de São Paulo durante meu Podcast. Existem dois tipos de crimes que a polícia tem combatido: a fraude e o golpe. A fraude não tem participação da vítima, mas o golpe sim. A maioria desses crimes virtuais são golpes. Portanto, é importante enfatizar a necessidade de mudar os hábitos para se adaptar ao ambiente digital. Os criminosos usam técnicas persuasivas para obter informações e apelam para o emocional da vítima. Segundo o Dr. Carlos, em situações suspeitas, é preciso dizer três nãos.

- Não atenda chamadas de números desconhecidos
- Não responda mensagens dos números desconhecidos.
- Não clique em links ou anexos enviados por mensagens ou e-mail.
Sempre confirme os contatos e sempre confirme as informações com  as fontes oficiais.

É fundamental que o cidadão tenha senhas seguras e ficar atento aos sistemas IoT (Internet das Coisas) em casa, como os assistentes virtuais de casa.


Além disso, destaca-se a importância de relatar atividades suspeitas às autoridades policiais e a necessidade de implementar medidas de segurança, como vincular chips de celular a CPFs ou CNPJs para evitar fraudes. Para isso, é importante ajustar o Marco Civil da Internet e a Lei Geral de Proteção de Dados para permitir o acesso direto da polícia a provedores de informação e dados durante investigações.

Apresentei um substitutivo ao  Projeto de Lei 113/2020 propondo algumas modificações, como: aumento do período de armazenamento dos registros de acesso de seis meses para três anos; inclusão da possibilidade de acesso a esses registros pelos Delegados de Polícia, inclusão de dados de geolocalização e a porta de acesso do endereço IP nos registros armazenados sem autorização prévia do judiciário.

Assistentes pessoais:

Hoje, uma televisão ou até uma geladeira tem acesso ao WI-FI que tem acesso a um computador para ser um assistente pessoal. É a internet das coisas (IoT). São dispositivos com um certo nível de vulnerabilidade. Eles são um ponto de coleta de informações sobre o ambiente em que se encontram. Esses assistentes têm escutas e microfones para reconhecer comandos de voz. O bluetooth coleta e transmite os dados para uma empresa de reconhecimento de voz. Um bluetooth não protegido ou de fraca proteção é uma isca para hackers que podem acessar os dados de voz e buscar informações pessoais. E o mesmo acontece com as câmeras de vídeo.

O Dr. Carlos faz o alerta de sempre trocar as senhas. Muitos usuários permanecem com as senhas geradas pela empresa fornecedora. A primeira coisa a fazer é trocá-la. Ele indica, também, alterar com uma certa frequência e usar senhas inteligentes. Nuca usar datas comemorativas ou nome de pessoas conhecidas. Evite também sequência de números e utilizar senhas diferentes para dispositivos diferentes.

Mas só isso não basta. Existem outros modelos de segurança digital.

- Autentificarão de dois fatores: depois de colocar a senha, você recebe um código por SMS, Whatsapp ou e-mail.

- Identificação por Biometria ou Identificação facial: é preciso fazer o cadastro, antes, no seu dispositivo

- Gerenciador de Senhas: é um gerenciador que cria uma palavra chave forte para ser utilizado depois da biometria ou da identificação facial.

Busque sempre empresas reconhecidas no mercado que invistam em
segurança digital.

Crimes virtuais contra as crianças

Existem os perigos de ataques cibernéticos em ambientes educacionais e dentro de casa. Destaco a importância de conscientizar a escola, além dos pais e dos alunos sobre os riscos contra esse tipo de violência.

Os pais ensinam aos filhos “Não converse com estranhos”. O mesmo é válido para o ambiente online. A orientação é clara: se vier alguém conversar que não conhece.

- Desligar: ensinar os filhos a não manter a conversa.

- Fotografar: fazer o print da conversa ou do que tiver sobre o criminoso para levar até a polícia. No mínimo entrará no banco de dados policial.

- Bloquear: se sofreu algum tipo de ameaça ou assédio, bloqueie a pessoa depois dos passos acima. Neste caso, mesmo se conhecer a pessoa.

Infelizmente, são diversos os interesses que podem afetar as crianças: financeiros, sexuais/emocionais, distúrbios mentais e tendências suicidas. Especificamente em relação à tendência suicida, a preocupação maior é com os ataques em escolas.

Sou autor do  Projeto de Lei (1678/2023) que visa aumentar a severidade da lei em relação a qualquer crime ocorrido em ambientes escolares. E sou relator do  Projeto de Lei (2256/2019) que estabelece diretrizes para garantir a segurança física e mental dos membros da comunidade escolar.

A aprovação conjunta dos projetos citados tem capacidade de reduzir significativamente os riscos. O primeiro projeto foca em questões locais com discussões de estratégias de redução do problema dentro das comunidades. O segundo, tem o objetivo de garantir a segurança física e mental dos membros da escola.

É importante cada um cumprir o seu papel e, sempre, dialogar com os filhos. Dr. Carlos é ainda mais incisivo: ficar atento a qualquer mudança de comportamento, obedecer sempre às restrições de idade para acesso aos chats e monitorar todas as interações online dos filhos por meio de aplicativos específicos.

“Hacker do bem”

Mas existe uma colaboração mútua entre empresas e indivíduos com a finalidade de buscar investimentos na área de segurança cibernética. E existe também uma oportunidade de carreira aqui. O Delegado alertou sobre a necessidade de profissionais na área de tecnologia, informação e comunicação para ser o “hacker do bem”. Existem maneiras de desenvolver competências, habilidades e o conhecimento e a atitude pelo lado positivo trabalhando com a Polícia Civil.

Embora todos esses crimes representem uma ameaça global em constante evolução, sempre há esperança. Vale a pena seguir todas as dicas aqui relatadas pelo Delegado da Divisão de Crimes Cibernéticos de SP e fazer uma avaliação se há a necessidade de mudança de hábitos. À medida que fortalecemos nossas defesas digitais, podemos enfrentar os desafios do mundo virtual transformando o ambiente digital em um ambiente mais seguro e resiliente.

Se está sendo vítima de crime cibernético, acesse neste link  a lista de delegacias especializadas. Se não encontrar em sua região, vá até a delegacia mais próxima ou registre na delegacia online.

Informações da Polícia Civil de São Paulo:

Delitos praticados por meios eletrônicos

Prevenção a crimes cibernéticos

Sobre o entrevistado:

Dr. Carlos Afonso Gonçalves da Silva, delegado da Divisão de Crimes Cibernéticos (DCCIBER) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC). A Divisão foi criada pelo Decreto Nº 65.241, de 13 de outubro de 2020 com o objetivo de apurar fraudes praticadas por organização criminosa por meios eletrônicos ou com recursos de alta tecnologia. Além do Centro de Inteligência Cibernética (CIC) e do Laboratório Técnico de Análises Cibernéticas, (Lac-TAC), o departamento conta com quatro delegacias especializadas:

1ª Delegacia de Polícia sobre Fraudes contra Instituições Financeiras praticadas por meios Eletrônicos;

2ª Delegacia de Polícia sobre Fraudes contra Instituições de Comércio Eletrônico praticada por meios Eletrônicos;

3ª Delegacia de Polícia sobre Violação de Dispositivos Eletrônicos e Redes de Dados;

4ª Delegacia de Polícia de Lavagem e Ocultação de Ativos Ilícitos por Meios Eletrônicos; além de um Centro de Inteligência Cibernética (CIC) e um Laboratório Técnico de Análises Cibernéticas, (Lac-TAC).

** Marcos Pontes é mestre em Engenharia de Sistemas e o primeiro astronauta profissional a representar oficialmente um país do hemisfério sul no espaço. Foi ministro das Comunicações (2019-2020) e da Ciência, Tecnologia e Inovações (2020-2022). Atualmente é senador da República por São Paulo, cargo para o qual foi eleito com mais de 10,7 milhões de votos. Entusiasta do avanço das tecnologias de inteligência artificial, defende o desenvolvimento econômico e social do país por meio do conhecimento, da educação, da ciência, da tecnologia, da inovação e do empreendedorismo.

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