Após dois anos de números positivos, o mercado brasileiro de smartphones deverá fechar o ano de 2015 com uma queda de cerca de 15% na quantidade de aparelhos vendidos. E, para 2016, a tendência é seguir os mesmos níveis.
Para Leonardo Munin, analista de pesquisas da IDC Brasil, uma explicação para este cenário está no fato de o consumidor ter "uma vontade muito grande de trocar de aparelho", mas adiar ao máximo a substituição. "A compra em si não está acontecendo na velocidade que deveria", explica em entrevista ao iG .
O analista, que espera uma queda de 10% das vendas de smartphones em 2016, acredita que o brasileiro tem dúvidas que o impedem de transformar o desejo em um compra efetiva por conta da atual situação econômica do País. Com a alta do dólar, os preços são repassados para o cliente, que fica sem saber sobre qual o melhor momento para trocar de celular.
Além disso, a anulação da Lei do Bem permite que os vendedores de smartphones acrescentem cerca de 10% no preço final dos aparelhos. A lei isentava os celulares de tributos como o PIS/Pasep e a Cofins para que as empresas de eletrônicos trouxessem suas produções para o País, incentivando também a inclusão digital. Com a MP 690/2015, a isenção deixa de vigorar em 2016 para retornar de volta gradual até 2019.
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Munin explica que outro fator importante para a queda do número de aparelhos vendidos é a situação do atual smartphone do consumidor. Se o aparelho não tiver problemas de funcionamento, o consumidor acaba optando por esperar mais para comprar um novo. "Não é o tamanho de tela que ele deseja, não tem a câmera que ele deseja, mas ainda funciona. Então, ele consegue dar uma postergada na compra", explica.
Mesmo com as recentes quedas no número de aparelhos vendidos, o brasileiro se acostumou a comprar smartphones mais caros. De acordo com Munin, o consumidor passou a comprar aparelhos "numa faixa de preço próxima dos R$ 1.000. Se você voltar no mercado há uns dois anos, o que mais se vendia aqui era na faixa dos R$ 500".
Para o analista, o usuário brasileiro de celulares está amadurecendo rapidamente. "O consumidor topa pagar um pouco mais caro no smartphone pois vê um valor agregado no produto". Por esse motivo, smartphones com especificações mais avançadas como processadores octa-core, baterias mais duráveis e telas maiores deverão ser vistos com mais frequência em 2016.
O ano também promete uma entrada maior de aparelhos com conectividade 4G. De acordo com dados da IDC, 46% dos aparelhos vendidos contavam com a tecnologia no terceiro semestre de 2015. Munin estima que em 2016 75% dos smartphones comercializados poderão se conectar com a quarta geração de internet.
Com smartphones cada vez mais robustos, o analista acredita ser mais difícil conquistar o usuário pelo hardware. Logo, a melhor saída para a crise nas vendas é encontrar benefícios adicionais, que possam oferecer serviços para melhorar a rotina do usuário.