Se, por um lado, não vimos muitas inovações nos smartphones em si durante a MWC 2016, feira que acontece em Barcelona, por outro, acompanhamos o surgimento de novos e interessantes acessórios para celulares. Para Roberto Soboll, diretor de Produtos da Samsung, depois de anos colocando mais e mais recursos dentro do smartphone, finalmente chegou o momento em que é possível criar produtos para entregar uma melhor experiência de usuário também "fora". Na opinião do executivo, com o mercado mais maduro, as empresas podem ganhar em escala, ou seja, produzir mais barato e vender mais acessórios para smartphones.

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Emily Canto Nunes/iG
LG G5 possui bateria modular que pode ser facilmente substituída

Nesta feira, a Samsung, por exemplo, apostou em uma câmera de 360º, a Gear 360º, capaz de fazer vídeos e fotos que poderão ser vistos em outro acessório da empresa, o Gear VR, óculos de realidade virtual. Já a LG criou para o seu novo G5 uma enorme família de acessórios. A empresa mostrou óculos de realidade virtual, módulo de bateria, um módulo físico de câmera que se acopla ao smartphone para melhorar a experiência do usuário, um módulo de som em alta resolução e também uma câmera que captura conteúdos em 360º. 

Na opinião de Marcel Campos, diretor de Marketing da Asus para América Latina e Índia, com o amadurecimento do mercado de smartphones, os acessórios ganharam outra importância. Além disso, a padronização de algumas tecnologias como Bluetooth e NFC falicitam o desenvolvimento de produtos para complementar a experiência do usuário. Além dos padrões de hardware, para o executivo, as empresas caminham também para um amadurecimento em design, algo que a Apple já faz e que impulsionou o mercado de acessórios ao seu redor, não apenas de produtos que a própria Apple cria, mas também de terceiros que fazem capas para iPhones e teclados para iPdas.

Se as demais fabricantes apostarem em produtos com um design mais consistente, que não muda de um ano para o outro, poderão não apenas desenvolver seu potencial em acessórios, mas também serem beneficiadas por terceiros. "O modelo de negócio da Apple permite que empresas de capas façam investimentos a longo prazo, porque há a confiança de que o próximo irá se parecer com o anterior", explica Campos.

Hoje, no mercado, as fabricantes podem investir em dois tipos de acessórios: de espectro fechado, ou seja, só para os seus próprios produtos, ou de espectro amplo, isto é, compatíveis com aparelhos de outras fabricantes. Na opinião de Marcel Campos, hoje apenas a Apple consegue realmente ganhar com acessórios feitos apenas para os seus aparelhos. Se por um lado não possuem um ecossistema tão forte quando da Apple, por outro, encontram no mercado um número muito maior de usuários para atingir. As fabricantes de smartphones que rodam Android e possuem tecnologias semelhantes como o próprio bluetooth e NFC podem tirar proveito dessa situação e investir em acessórios de aspecto amplo. "O mercado de baterias portáteis, por exemplo, ainda é enorme", exemplifica..

Porém, há um grande desafio a ser superado pelas fabricantes: a retrocompatibilidade, ou seja, de criar produtos que não sejam apenas compatíveis com outras fabricantes, mas com versões anteriores e principalmente posteriores de seus aparelhos. Em vez da Samsung lançar um Gear VR que só roda com Galaxys e da Alcatel investir em uma caixa que se transforma em óculos de VR, elas poderiam estar desenvolvendo também produtos e aplicativos que permitissem o uso de tais acessórios com outros smartphones, provavelmente por meio de um app. A realidade virtual, por exemplo, já provou que veio para ficar, mas se cada empresa trabalhar de uma forma sua adoção vai ser tão demorada e gradual quanto do USB Tipo C, por exemplo.

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