Depois de anos de debate, a Microsoft finalmente decidiu encerrar a produção do Kinect. Originalmente criado para ser integrado com o Xbox 360, o sensor de movimentos com reconhecimento de voz voltado para jogos eletrônicos foi lançado pela empresa em novembro de 2010, vendendo cerca de 35 milhões de unidades desde então. A declaração foi feita por Alex Kipman, criador do dispositivo, em entrevista para o portal americano FastCo Design na última quarta-feira (25).
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A empresa já havia demonstrado certa dificuldade com a produção do produto. Em 2015, o Xbox One - que desde 2013 era lançado com o Kinect
embutido -, ganhou versões sem o dispositivo. A justificativa da Microsoft foi de que os altos custos de produção do sensor de estavam aumentando o preço do console.
Principais problemas
Desde o lançamento, poucos títulos suportavam o Kinect. A falta de precisão na captura dos movimentos dificultava os jogos e os seus elevados preços ajudavam a despencar a popularidade do produto.
O console também começou a perder mercado quando outros aparelhos de captura de movimento (Nintendo Wii; PS Move ) e sistemas de reconhecimento de voz (como a Siri e o Google Talk) começaram a reproduzir as mesmas funções desempenhadas pelo dispositivo - muitas vezes por preços bem mais acessíveis. O sensor da Microsoft deixou de ser uma novidade para os consumidores.
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"Alguém chegou a conclusão de que não há jogos o suficiente sendo vendidos que o usem, e isso é uma vergonha", declarou Goldan Levin, diretor de criação e um dos responsáveis pelo sensor de movimentos.
Já haviam rumores sobre a impopularidade do produto durante a E3 de 2015, quando não foram anunciados futuros títulos para a plataforma na apresentação da Microsoft. Na ocasião, o chefe de desenvolvimentos de jogos da empresa, Shannon Lofis, declarou que "ainda haviam jogos para o Kinect para serem lançados" e que o dispositivo ainda não estava "morto".
De fato, títulos com uma boa recepção da crítica especializada, como o jogo Fru (lançado em 2016), chegaram às prateleiras, mas não tiveram vendas boas o suficiente para justificar a produção do aparelho.
Problemas de confiança também afetaram a reputação do dispositivo. A revista Ad Age, que é voltada para o mercado publicitário, vazou em 2013 uma declaração de um executivo da Microsoft que elogiava a capacidade do aparelho em coletar dados dos usuários e os usar para fins publicitários. Isso foi o suficiente para que internautas criassem diversas teorias de que a empresa estaria vigiando os usuários pela câmera do dispositivo, causando revolta entre os consumidores.
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Apesar do fim da produção, o Kinect continuará a ser vendido enquanto houver unidades em estoque. O legado que o dispositivo deixa é grande o suficiente para que a Microsoft não considere o projeto um fracasso. A tecnologia criada para o aparelho ajudou no desenvolvimento de diversos produtos, como o Windows 10, Cortana e Windows VR.