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CEO do Facebook, Mark Zuckerberg teve que prestar depoimento e responder senadores americanos.
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CEO do Facebook, Mark Zuckerberg teve que prestar depoimento e responder senadores americanos.


O CEO do Facebook Mark Zuckerberg prestou depoimento por mais de cinco horas, hoje (10), no senado americano. Além de ler uma carta, o fundador da rede social teve que responder a perguntas de 44 senadores que compõem os comitês de Justiça e do Comércio, Ciência e Transportes.

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Zuckerberg chegou acompanhado de uma comitiva composta por Elliot Scrage, vice-presidente do Facebook , Erin Egan, chefe de privacidade, e Colin Stretch, conselheiro-geral, mas respondeu a todas as perguntas sozinho. Amanhã ele terá que responder a mais perguntas, dessa vez dos deputados americanos que fazem parte do comitê de Energia e Comércio da casa.

O CEO teve que responder sobre o mais recente escândalo envolvendo o uso inapropriado de dados de 87 milhões de usuários do Facebook que foram manipulados pela consultoria Cambridge Analytica, empresa que participou de campanhas como a do presidente Donald Trump e do Brexit. Mas os senadores americanos expandiram o tema para toda a política de segurança de dados da rede e também questionaram sobre a influência da Rússia nas eleições americanas, fake news, propagação de discursos de ódio, entre outros assuntos.

Num dos momentos mais tensos do depoimento , Zuckerberg foi interpelado pelo senador Dan Sullivan a respeito do seu controle de dados. A resposta do chefão do Facebook não agradou de modo que o senador respondeu: "se você não fizer, nós teremos que fazer por você".

De maneira geral, Zuckerberg pareceu tenso e não convenceu os senadores de que suas promessas seriam cumpridas. Já o mercado reagiu positivamente e as ações da companhia fecharam o dia em alta de  4,5%, a maior em quase dois anos. Amanhã, porém, poderá se tirar uma conclusão mais precisa do impacto do depoimento no setor financeiro que hoje foi bastante influenciado por uma declaração conciliatória dos chineses a respeito da guerra comercial que EUA e China estão começando a travar.

Vale dizer ainda que no auge da cobertura do escândalo da Cambridge Analytica as ações do Facebook despencaram e a empresa perdeu quase US$ 50 bilhões em dois dias.

Veja abaixo os destaques das falas de Zuckerberg por tópicos: 

Privacidade

Um dos principais tópicos abordados pelos senadores foi sobre a questão da privacidade dos usuários nas redes. Várias perguntas foram feitas a respeito do uso de dados dos usuários para otimizar anúncios publicitários, por exemplo. E não tinha como ser diferente, além do vazamento milionário recente, o direito à privacidade é um dos mais defendidos pelos americanos.

Zuckerberg disse logo no começo:

"Enfrentamos vários problemas com democracia e privacidade. Vocês estão certos em me questionar. O Facebook surgiu como uma empresa idealista. No começo pensamos em todas as coisas boas que poderíamos fazer, mas está claro agora que não fizemos o suficiente para impedir que essas ferramentas sejam usadas para o mal também. Isso vale para notícias falsas, interferência estrangeira em eleições e discurso de ódio, bem como desenvolvedores e privacidade de dados. Não tivemos uma visão ampla o suficiente de nossa responsabilidade, e isso foi um grande erro. Foi um erro meu, e eu sinto muito, eu comecei o Facebook, eu o controlo e sou responsável pelo que acontece aqui."

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Modelo de negócio

O problema com o uso de dados para fins publicitários impacta diretamente no modelo de negócios que o Facebook escolheu seguir para crescer. Esse ponto foi abordado em dois momentos diferentes.

Zuckerberg presta depoimento no Congresso americano com ampla cobertura da mídia internacional.
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Zuckerberg presta depoimento no Congresso americano com ampla cobertura da mídia internacional.


No primeiro, Zuckerberg negou a possibilidade de fazer uma versão paga do aplicativo para pessoas que não quisessem ter seus dados utilizados para segmentar anúncios.

"Queremos oferecer um serviço gratuito para atingir o maior número de pessoas, e essa é a forma que temos atualmente. Facebook com propaganda é mais alinhado com a nossa missão de conectar pessoas. As pessoas podem controlar se querem propagandas personalizadas ou não, mas vimos que elas não gostam de propagandas inúteis. Para não mostrar anúncio nenhum, nós ainda precisaríamos de um modelo de negócio."

No segundo, o CEO reforçou a intenção do Facebook de não ser visto como uma empresa de mídia. Se fosse enquadrada como, o Facebook poderia ser responsável por todo o conteúdo produzido dentro da plataforma e portanto seria enquadrado nas leis que regulamentam o setor.

Regulamentação

Apesar desse esforço de não ser enquadrado como uma empresa de mídia, Zuckerberg mudou o tom do discurso pela primeira vez quando afirmou ao Congresso americano que estaria disposto a trabalhar junto às autoridades para formular uma regulamentação que fosse justa para as pessoas e para as empresas.

Questionado sobre a possibilidade de apoiar uma regra que exigiria que as empresas notifiquem os usuários sobre um vazamento de dados em até 72 horas, ele respondeu: "Faz sentido pra mim". Ele também afirmou que "a princípio" também apoiaria regras que exigissem a permissão dos usuários para que as empresas usassem seus dados no negócio.

Os senadores, porém, foram mais fundo nessa questão e Zuckerberg discordou de todas as outras ideias apresentadas. Ele argumento que a legislação não poderia criar regras que impedissem as empresas de tecnologia de crescer e inovar já que essa é uma questão estratégica até mesmo para o país. Zuckerberg usou o exemplo do reconhecimento facial para justificar que se a legislação impedisse isso, traria grandes consequências e atrasos para os Estados Unidos.

CEO do Facebook teve que prestar depoimento e responder a perguntas de 44 senadores americanos.
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CEO do Facebook teve que prestar depoimento e responder a perguntas de 44 senadores americanos.


Discurso de ódio

Ainda na esteira dos recursos tecnológicos, Zuckerberg também apontou a questão da proliferação dos discursos de ódio na rede como principal preocupação. Ele afirmou:

"Discurso de ódio é uma das coisas mais difíceis de identificar. Temos que separar o que é ofensivo, do que é odioso. 99% do conteúdo terrorista é tirado por Inteligência artificial. Elas conseguem identificar diferenças de linguagens. A linha entre discurso político legítimo e discurso de ódio pode ser difícil de identificar"

Ele ainda completou dizendo que pode demorar de cinco a dez anos para ter ferramentas de inteligência artificial que combatam com precisão e velocidade os discursos de ódio na rede.

Eleições

Outro ponto bastante estressado pelos senadores americanos foi a respeito da manipulação da plataforma para que forças políticas influenciassem eleições estrangeiras, como ficou provado que aconteceu com os Estados Unidos em relação à Rússia. Sobre isso, Zuckerberg classificou os acontecimentos como "corrida armamentista".

Ele se mostrou bastante preocupado com a questão e mencionou por duas vezes as eleições no Brasil para expor que está tentando combater o problema o mais rápido possível. Para isso, ele afirmou que está reforçando sua equipe que hoje já conta com 15 mil pessoas no time de segurança e deve chegar a até 20 mil até o fim do ano, na tentativa de coibir a influência de agentes externos em eleições nacionais.

Os senadores se demosntraram bastante preocupados com a possibilidade de um novo "efeito Trump" nas eleições parlamentares que também ocorrem ainda esse ano nos Estados Unidos.

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Novas políticas

O CEO também aproveitou a oportunidade única de grande visibilidade para reforçar as mudanças nas políticas de segurança que o Facebook adotou após o grande vazamento de dados. As mudanças mais significativas dão conta de um programa de recompensas para quem denunciar abuso de coleta de dados na rede social e uma limpeza dos apps inativos dentro de um perfil do Facebook a cada 90 dias.

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