Se há dez anos assistir a série preferida no celular ou fazer uma ligação com vídeo parecia um sonho distante, a expectativa hoje é, muito em breve, poder realizar um exame médico, ou mesmo uma cirurgia à distância , controlar os eletrodomésticos pelo controle remoto da TV, e ainda acessar e mover câmeras de segurança com um óculos de realidade virtual.
Essas são algumas das novidades apresentadas na Casa Tim 5G , aberta ao público até 8 de setembro no Instituto Nacional das Telecomunicações ( Inatel ) em Santa Rita do Sapucaí, Sul de Minas Gerais.
A tecnologia do 5G ainda não chegou ao Brasil e a expectativa do setor é que o primeiro leilão das frequências ocorra no primeiro semestre de 2020 para que até, no máximo, no primeiro semestre de 2021, o 5G já esteja disponível para os usuários finais.
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“Se o leilão ocorrer até março de 2020, (o 5G vai estar disponível) no fim do ano que vem em algumas cidades e no início de 2021”, afirma o CTO da TIM, Leonardo Capdeville. Neste ano, o 5G já começou a ser utilizado em 23 operadoras no mundo em países como Estados Unidos, Coreia do Sul, China, Japão e Austrália.
“Até 2035, o 5G deve gerar mais de US$ 12 trilhões no mercado”, afirma o gerente de produtos da Qualcomm , Helio Oyama.
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Veja algumas novas tecnologias que serão beneficiadas com a chegada do 5G e reunidas pela TIM e parceiros durante o evento sobre inovação do Inatel, o HackTown 2019.
Saúde
Uma das principais diferenças entre o 5G e as tecnologias anteriores é a baixa latência, ou seja, o atraso com que a informação enviada pela web chega ao destinatário. Isso permite o avanço da telemedicina. Na Casa Tim 5G
, que utilizou tecnologia da TIM e da Ericson para demonstrar aplicações que poderão ser desenvolvidas comercialmente no Brasil com a chegada na nova rede, uma médica fez o exame de ultrassom em uma grávida à distância. Com a ajuda de uma assistente, que não recebeu treinamento prévio, uma luva que simulava os movimentos indicados pela médica em outro ambiente, o exame foi realizado.
A realidade aumentada
também deve ganhar força com o 5G, com a possibilidade de um especialista, à distância, ter acesso a modelos virtuais de órgãos dos pacientes.
Educação
A Cisco apresentou um quadro branco interativo em que equipes em cidades diferentes podem interagir escrevendo, conversando, enviando arquivos e vídeos.
Já uma parceria entre a Exsto e a Inatel utiliza o 5G para criar treinamentos com realidade aumentada em ambientes industriais. Além de treinar, a sistema também desenvolve maquetes que simulam o processo de produção e evitam problemas futuros.
Casa conectada
Máquina de lavar, geladeira, forno elétrico, televisão e smartphone farão parte de um sistema único, conectado e com fácil acesso remoto segundo a demonstração da LG na Casa Tim 5G.
Outra novidade é que o gerente de produtos móveis da LG, Fabrício Habib, afirmou que um smartphone com tecnologia 5G e tela dupla vai chegar ao mercado brasileiro ainda em 2019, “antes do Natal”, afirmou. O preço ainda não foi divulgado.
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Agronegócio
As pesquisas do Inatel na área do 5G estão ajudando a desenvolver a tecnologia no mundo. Em 2017 o instituto ganhou um prêmio na Finlândia pelo seu projeto 5G Long Range, que atende áreas remotas. “Conseguimos enviar 50 Mbps a 50km de distância”, conta Carlos Nazareth, diretor do Inatel.
Segundo o coordenador de pesquisa do Centro de Inovação do Inatel, Luciano Leonel Mendes, o 5G tem um alcance cinco vezes maior que o 4G. “Fizemos uma teste em uma escola rural há mais de 10 km de Santa Rita do Sapucaí e oferecemos a 80 alunos (de ensino fundamental) o primeiro acesso deles a internet rápida”, afirma Mendes.
Para o coordenador, com a chegada do 5G será possível desenvolver soluções para o agronegócio e áreas remotas um terço (33%) mais baratas do que as disponíveis hoje no mercado brasileiro.
Robótica e indústria 4.0
Além de baixa latência, alta velocidade e maior alcance, o 5G também é mais preciso, ou seja, apresenta menos falhas de conexão. Com isso, é o ideal para ser utilizada em aparelhos de precisão na indústria. Um exemplo foi a presença na Casa 5G do único robô colaborativo de dois braços do mundo, o Yumi, da empresa suíça ABB. Ele foi programado para servir café e demonstrar como a rede 5G oferece confiabilidade.
A indústria 4.0 também irá se beneficiar com a confiabilidade da rede 5G na avaliação dos executivos da Qualcomm, que desenvolve processadores para smartphones entre outros produtos. Segundo Helio Oyama, a confiabilidade do 5G chega a 99,9999%. “Isso significa em 10 anos vai ocorrer um dia de falha”, traduz o diretor de desenvolvimento de negócios da Qualcomm, Douglas Benítez.
Entraves
Se as empresas estão ávidas para colocar a realidade do 5G em prática no Brasil, alguns obstáculos precisam ser superados. No momento, o principal é a confirmação do leilão da frequência pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O leilão foi divulgado para março de 2020, mas diversos executivos do setor presentes ao evento do Inatel não acreditam nessa data. “Se acontecer no primeiro semestre de 2020 já está ótimo. Porque se acontece no segundo semestre, já é um outro ciclo de investimento das empresas, e fica para 2021”, afirma um deles.
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A atual legislação com relação a colocação de antenas foi outra preocupação apresentada pelos executivo. “A legislação (sobre colocação de antenas) é municipal. Temos no Brasil mais de 5.000 municípios, então temos que trabalhar com mais de 5.000 leis diferentes. Em algumas cidades a gente leva até dois anos para instalar uma antena”, relata o presidente da Ericsson para o cone sul da América Latina, Eduardo Ricotta. A Ericsson fará a implementação do 5G da Tim no Brasil. Das 23 operações comerciais de 5G no mundo, 18 foram implementados pela Ericsson.
O CTO da TIM , Leonardo Capdeville informa que o 5G utiliza um número maior de antenas, mas menores do que as utilizadas em tecnologias anteriores. “Cidades como São Paulo e Belo Horizonte têm legislação que trata a antena 5G como uma antena de 70 metros e é muito diferente”, afirma.
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O executivo ainda argumenta que o 5G deve ser visto como uma “política de Estado”. “Com o 5G vamos evoluir em segurança, educação e medicina. Vamos atrair investimento para o país, então, tem que ser pensado (pelo governo) como uma política de Estado e não com um viés arrecadatório”, afirma.
Capdeville explica que além do leilão da frequência, as empresas arcam com obrigações apresentadas pelo órgão regulador e com o investimento para implementação da tecnologia. “O dinheiro vem do mesmo lugar”, diz o executivo. Para ele, o valor do leilão e as obrigações podem fazer com que o processo de implementação fique mais lento. “O ideal seria trocar as atuais obrigações do 4G pelas do 5G”, sugere.