Os domingos não são mais os mesmos para os católicos do norte da Itália . Por causa da epidemia do novo coronavírus, muitas cidades da região cancelaram eventos públicos, para conter a disseminação do vírus, incluindo as missas.

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Com a sede da Santa encrustada em sua capital, o país tem mais de 60% de sua população católica , segundo pesquisa realizada há dois anos pela Community Media Research . E para atender esse público em tempos de emergência de saúde, padres e sacerdotes se renderam à tecnologia .

Milão tem surto de coronavírus
Divulgação
Milão tem surto de coronavírus


O jornalista Daniele Lepido , da agência Bloomberg, descreveu as mudanças em sua rotina dominical. Neste fim de semana, seus quatro filhos acordaram mais tarde que o usual, e ele e sua esposa não apressaram as crianças para tomarem café da manhã e se arrumarem. A missa que a família frequenta na igreja de São Carlos , em Bresso, no norte de Milão , não aconteceria in loco, mas transmitida numa live pelo Facebook .

“Os padres locais em Bresso ajustaram uma transmissão ao vivo no Facebook , alcançando uma audiência de quase cem famílias, incluindo a nossa”, descreveu Lepido. “Redes de TV na Itália transmitem missas ao vivo há décadas. Mas é completamente diferente nos reunir com nossos ministros locais por redes sociais, com a opção de dar um ‘like‘ ou até mesmo um ‘love‘ durante o evento”.

Família em torno de um iPad

Sem a correria usual, a família de Lepido se reuniu na mesa da cozinha, em torno de um iPad que transmitia a missa. Enquanto saboreavam uma torta de maçã, acompanhavam o padre Don Angelo recitar as tentações de Cristo segundo o evangelho de São Mateus.

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“Não é exatamente como participar de uma missa real, mas é uma boa alternativa e, além de tudo, melhor do que nada”, avaliou Lepido.

Na última atualização, divulgada no domingo, a Itália já registrava 1.694 casos positivos para a infecção, com 41 mortes. A epidemia está concentrada no norte do país, na região da Lombardia , onde fica Milão . Por lá, são 984 casos confirmados, com ao menos 34 mortes. Emília-Romanha e Veneza , também ao norte, registram 285 e 263 casos da doença. Dezenas de milhares de pessoas estão em quarentena em 11 cidades classificadas como “zonas vermelhas”.

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"A diferença entre participar da missa na igreja ou assisti-la pela TV é como a diferença entre sentar perto de uma fogueira para se aquecer, iluminar, trazer alegria, e olhar para uma imagem de fogo", criticou o arcebispo de Milão , Mario Delpini , durante missa transmitida pela TV neste domingo, direto de uma catedral completamente vazia, segundo o New York Times .

Conformado, Delfini reconheceu que uma reunião seria arriscada em, conformado, lamentou ser “doloroso celebrar sem o povo”.

Críticos do fechamento das igrejas argumentam que a fé, e a ajuda de clérigos, foram fundamentais para o povo italiano em epidemias passadas. O santo patrono da região da Lombardia, Carlos Borromeu , é reverenciado por suas ações durante a praga de 1576 a 1578.

“Eu não sou epidemiologista, mas realmente estamos enfrentando risco tão grande que temos que renunciar à nossa vida religiosa comunitária?”, questionou Andrea Riccardi , fundador da Comunidade de Santo Egídio , em artigo no sábado no jornal La Stampa, reclamando que “nem mesmo nos tempos das bombas” as igrejas fecharam.

O patriarca da Igreja Católica em Veneza , Fracesco Moraglia, afirmou que irá pedir ao governo — que fechou igrejas e escolas por causa da epidemia — permissão para a celebração de missas. Mas as autoridades sanitárias estão taxativas. Silvio Brusaferro , comissário do Instituto Superior de Saúde da Itália , argumenta que, historicamente, locais de culto facilitam a disseminação de infecções .

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