Aplicativos podem expor vida íntima das usuárias
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Aplicativos podem expor vida íntima das usuárias

Aplicativos de controle de ciclo menstrual compartilham dados das usuárias com gigantes de tecnologia como Google e Amazon . A descoberta foi feita pela ONG Privacy International, que analisou cinco apps famosos: Clue, Flo, Maya, MIA e Oky.

Eva Blum-Dumontet, pesquisadora sênior da ONG, usou cada um desses aplicativos e depois solicitou aos desenvolvedores o acesso aos seus próprios dados que haviam sido coletados neles. A solicitação é prevista pela GDPR, lei da União Europeia similar à nossa LGPD , e as empresas devem responder a ela - mas apenas dois dos aplicativos retornaram dentro do prazo legal.

O que mais chama a atenção nas descobertas da pesquisadora é que, no geral, todos os aplicativos guardam dados que vão muito além daquilo que seria necessário para acompanhar um ciclo menstrual. 

Dados como a dificuldade de atingir um orgasmo, medicamentos que a usuária usa regularmente, hábitos de masturbação, frequência de relações sexuais e satisfação com a aparência são coletados pelos aplicativos , armazenados em seus servidores e, sim, compartilhados com terceiros que podem usá-los para exibir publicidade direcionada .

A pesquisadora descobriu, por exemplo, que o Clue , da desenvolvedora BioWink, compartilha os dados das usuárias com uma extensa lista de empresas parceiras, dentre elas Google e Amazon . Dentre as informações, estão dados sobre o estado mental da usuária, que métodos anticoncepcionais usa e com que frequência vai ao banheiro, por exemplo.

Flo , da Flo Health, também admitiu compartilhar os dados com outras empresas. A pesquisadora analisou, inclusive, que o aplicativo constantemente encoraja as usuárias a compartilharem dados que não são necessários para o seu funcionamento, e sem deixar claro a finalidade com que eles são coletados.

Em contradição à lei, o aplicativo Maya , da Plackal Tech não respondeu à solicitação da pesquisa. Já o Oky , da Unicef, alegou que os dados são armazenados de forma anônima e, por isso, não conseguiriam resgatá-los para enviar à pesquisadora.

Por fim, o MIA , da Femhealth Technologies Limited, forneceu todos os dados solicitados, mas não permitiu que sua análise fosse publicada na pesquisa. As informações, que são da usuária, foram tratados pelo aplicativo como se fossem de sua posse. "O princípio básico da autodeterminação informacional é ser capaz de usar as informações que recebemos de um controlador de dados como quisermos e compartilhá-las com outros, se assim o desejarmos", afirma a pesquisadora.

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