Funcionários da Apple denunciam diferença salarial
Unsplash/Mihai Moisa
Funcionários da Apple denunciam diferença salarial

Uma pesquisa informal realizada por trabalhadores da Apple mostrou que há uma diferença salarial de 6% entre homens e mulheres. As informações foram dadas pela engenheira de software Cher Scarlett ao portal The Verge nesta segunda-feira (23).

A Apple afirma com frequência que pessoas de todos os gêneros "ganham o mesmo quando se envolvem em trabalhos semelhantes com experiência e desempenho comparáveis". Na prática, não foi o que os funcionários observaram.

2 mil trabalhadores responderam à pesquisa interna - ao todo, a Apple emprega cerca de 147 mil pessoas. "Sabemos que a equidade salarial era um problema no passado e a Apple fez algo para corrigi-lo, mas estamos tendo essa conversa novamente porque estamos vendo lacunas em certas áreas da empresa e queremos saber o que a Apple fará para prevenir aconteça ano após ano", disse Scarlett ao The Verge. A engenheira e um grupo de funionários irão apresentar os resultados da pesquisa para a área de recursos humanos da Apple ainda nesta semana.

Além da diferença salarial, os funcionários também concluíram, a partir dos dados, que há muito menos mulheres, pessoas não-binárias e pessoas não brancas em cargos de liderança ou em cargos técnicos na Apple, que geralmente são os mais bem pagos. "Esses dados sugerem que os homens brancos têm muito mais oportunidades de progredir na empresa e são mais propensos a trabalhar em funções técnicas do que em dados demográficos menos representados", escreveu Scarlett no Twitter.

A engenheira acrescentou que os funcionários sabem que a pesquisa, por si só, não é conclusiva. "Não estamos tentando tirar conclusões definitivas, estamos tentando obter alguns insights porque não tivemos nenhum. O que realmente queremos é que a Apple faça uma investigação de terceiros sobre os dados de salários, ou uma auditoria que tenhamos conhecimento", afirmou.

O The Verge teve acesso aos dados levantados, os analisou e concluiu que o salário dos homens realmente é mais alto que o das mulheres. "Entre os entrevistados nos dados fornecidos ao The Verge , o salário médio para homens em funções técnicas de nível médio era 6,25% maior do que o salário médio de mulheres, enquanto o salário médio para funcionários brancos em funções técnicas de nível médio era de 5,06% superior ao de empregados não brancos. Esta amostra foi de 944 homens brancos de 1.408 entrevistados totais", escreveu o site.

Funcionários relatam falta de transparência da Apple, citando casos em que líderes pediram para que trabalhadores não respondessem à pesquisa.

#ApleeToo

Além da revelação a respeito da desigualdade salarial, funcionários da Apple lançaram nesta segunda-feira o movimento #ApleeToo, que vai coletar histórias de trabalhadores da empresa que sofreram assédio ou discriminação.

"Um grupo de trabalhadores da Apple se uniu para nos organizar e nos proteger. Estamos pedindo aos colegas de trabalho da Apple que desejam ver uma mudança real na Apple que compartilhem suas histórias. Quando nossas histórias são coletadas e apresentadas juntas, elas ajudam a expor padrões persistentes de racismo, sexismo, desigualdade, discriminação, intimidação, repressão, coerção, abuso, punição injusta e privilégio irrestrito", diz o manifesto publicado no site do grupo.

"Quando pressionamos por responsabilidade e reparação das injustiças persistentes que testemunhamos ou vivenciamos em nosso local de trabalho, nos deparamos com um padrão de isolamento, degradação e acirramento. Não mais. Esgotamos todas as avenidas internas. Conversamos com nossa liderança. Fomos para a equipe de Pessoas. Escalamos por meio da Conduta nos Negócios. Nada mudou", afirma o texto.

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