A ex-gerente do Facebook Frances Haugen, que fez diversas denúncias contra a companhia há algumas semanas, disse nesta segunda-feira (1º) que o CEO e fundador da corporação, Mark Zuckerberg, deveria deixar o cargo. Para Haugen, a empresa estaria melhor no comando de um executivo que se importasse, de fato, com segurança.
A declaração foi dada durante o evento Web Summit, que ocorre em Lisboa. Ao responder uma pergunta da jornalista Laurie Segall, Haugen ressaltou que Zuckerberg possui a maioria das ações com direito a voto do Facebook, e que os acionistas minoritários deveriam poder escolher o presidente da empresa.
"Acho que o Facebook seria mais forte com alguém disposto a se concentrar na segurança", disse Haugen, que acrescentou: "Acho improvável que a empresa mude se ele permanecer o CEO."
A ex-funcionária foi quem vazou documentos internos da gigante de tecnologia para o Wall Street Journal, mostrando que a companhia sabia que postagens no Instagram causavam danos à saúde mental de adolescentes.
Em entrevista ao programa 60 Minutes, da CBS, no início de outubro, quando teve a sua identidade revelada, Haugen contou como a estratégia do Facebook visava a aumentar o engajamento dos usuários, alimentando divergências entre eles.
Na ocasião, a delatora também destacou que o Facebook repetidamente identificou conflitos entre seus lucros e a segurança de usuários, e que consistentemente resolveu esses conflitos em favor de seus próprios ganhos.
Na semana passada, Zuckerberg anunciou a mudança de nome do grupo Facebook para Meta , em mais um capítulo do esforço recém divulgado pela companhia em desenvolver o metaverso, o que promete ser a próxima "Era da Internet".
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A mudança de estratégia da companhia também foi criticada por Haugen nesta segunda-feira. Para ela, a empresa deveria investir mais recursos em segurança, em vez de realidade virtual.
"Eu acho que há um metaproblema no Facebook que é que repetidamente a companhia opta pela expansão em novas áreas ao invés de aderir ao que eles já fizeram. Eu acho inescrupuloso que, conforme você lê os documentos, isso afirma muito claramente que é necessário haver mais recursos em sistemas de segurança básicos", criticou.
Ao The Guardian, Meta respondeu que "o argumento de que promovemos deliberadamente conteúdo que deixa as pessoas com raiva visando o lucro é profundamente ilógico. Estamos prestes a gastar mais de US$ 5 bilhões em segurança e proteção em 2021 — mais do que qualquer outra empresa de tecnologia — e ter 40 mil funcionários para fazer um trabalho: manter as pessoas seguras em nossos aplicativos".
A empresa acrescentou ainda que consegue investir em realidade virtual e em segurança ao mesmo tempo.